Economista: 'Aprovação do Orçamento pelo Congresso é tardia, mas positiva'

A aprovação do Orçamento no Congresso é positiva, mesmo que tardia, avaliou o economista Paulo Nogueira Batista Jr., ex-diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional), durante entrevista ao UOL News, do Canal UOL.

A notícia da aprovação do Orçamento, ainda que é tardia, é positiva, porque se cumpre uma etapa importante na vida econômica e financeira do país. Ele foi aprovado dentro das linhas gerais propostas pelo governo, com as metas que o governo estabeleceu. Paulo Nogueira Batista Jr., economista

A CMO (Comissão Mista de Orçamento) do Congresso Nacional aprovou hoje, por votação simbólica, o relatório final do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2025. Os 25 destaques apresentados pelos parlamentares foram rejeitados. O texto seguiu para apreciação do plenário do Congresso Nacional, que deve realizou sessão conjunta para aprovar a peça.

O parecer do relator Angelo Coronel (PSD-BA) prevê um superávit primário de R$ 15 bilhões neste ano, com pagamentos em precatórios retirados do limite de gastos anual.

Ao Canal UOL, Batista Jr. explicou que os precatórios —títulos que representam dívidas que o governo federal tem com pessoas físicas e empresas— têm sido uma realidade empurrada com a barriga ao longo dos anos.

[Os precatórios] São dívidas da União reconhecidas, que precisam ser pagas. Então, o estoque da ação é dívida pública, ainda que sob denominação diferente. O pagamento por dívida e os juros sobre elas são itens normais do Orçamento global, porque o pagamento representa a amortização de dívida pública e os juros representam o componente financeiro do déficit.

Agora, uma coisa é a realidade do tamanho dos precatórios, que é uma realidade que foi se acumulando ao longo de anos, e que está sendo há muito tempo a duras penas. Outra coisa é como se contabiliza esse gasto público. Mas, independentemente de como se contabiliza, ela existe e pesa de fato, à medida que é desembolsado.

[Essas dívidas] não têm prazo para pagamento, e o governo vai empurrando com a barriga, não consegue realizar todos estes pagamentos. Paulo Nogueira Batista Jr., economista

O Orçamento de 2025 está atrasado, conforme mostrou reportagem do jornal Folha de S.Paulo. Deveria ter sido votado até o fim do ano passado, mas teve a discussão prejudicada pela crise das emendas e pelo pacote de corte de gastos.

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Sakamoto: 'Deputados querem que Câmara vire puxadinho da Casa Branca'

No UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto afirmou que, alguns deputados federais, aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), querem transformar a Câmara em uma espécie de puxadinho da Casa Branca no Brasil.

É muito complicado que a importantíssima Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados se torne um puxadinho do Vivendas da Barra, que se torne um puxadinho dos Estados Unidos. Talvez seja isso o que o bolsonarismo queira: transformar a Câmara dos Deputados no Brasil em um puxadinho da Casa Branca.

Porque se o presidente da comissão vai ficar recebendo ligação e orientação do que fazer de uma pessoa que foi para os Estados Unidos a fim de tentar pressionar a Casa Branca e o Congresso norte-americano para agir, para garantir impunidade ao seu próprio pai, então no final das contas você tem interesses privados guiando o parlamento. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto se refere ao caso de Eduardo Bolsonaro, que anunciou na terça-feira o pedido de licença do mandato de deputado para continuar nos Estados Unidos. O filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro disse que continuará no país para buscar punições contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ao fazer o anúncio, Eduardo disse também que não irá receber o seu salário como parlamentar. Até o momento, no entanto, o pedido não foi oficializado.

Principal ligação entre bolsonarismo e trumpismo

Eduardo Bolsonaro tem sido um dos principais elos de articulação entre o bolsonarismo e deputados da base conservadora americana.

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Recentemente, congressistas americanos aprovaram uma lei por meio de uma comissão do Congresso local. O projeto foi batizado de "No Censors on our Shores Act" e protocolado em setembro do ano passado. A votação agora segue para o plenário. Se aprovada, a lei poderá suspender o visto do ministro Alexandre de Moraes e de sua família para entrar nos EUA.

Esta foi a segunda tentativa de conservadores (sejam eles dos EUA ou do Brasil) para barrar a entrada de Moraes e da família no país: em janeiro, um grupo deles que foi à posse de Donald Trump disse que pediria ao presidente eleito ou a membros da sua equipe que suspendesse o visto do ministro, em resposta ao fato de o magistrado ter negado a Bolsonaro a possibilidade de viajar para acompanhar a cerimônia. Não se sabe, no entanto, se o pedido chegou a ser feito.

Josias: De volta à vitrine, Haddad passa de 'Taxadd' para 'Robin Hood'

Com a possível aprovação da medida de isenção do imposto de renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve deixar a fama de 'Taxadd' e passará a ser conhecido como 'Robin Hood', um jovem fora da lei britânico que roubava dos ricos para dar aos pobres, avaliou o colunista Josias de Souza no UOL News.

O ministro tinha sido empurrado pelas circunstâncias para os fundos do governo, para o fundão da loja, agora ele volta a ribalta depois de amargar três meses e meio de ostracismo e está sendo empurrado para vitrine de novo e vai substituir o 'Taxadd' pelo 'Robin Hood'. Josias de Souza, colunista do UOL

A medida para isenção do imposto de renda deve ser analisada ainda hoje pelos parlamentares. Caso seja aprovada, a mudança só valeria para as declarações de 2026, porque o imposto é sempre calculado sobre o ano anterior, chamado de ano-base. O benefício deve atingir cerca de 10 milhões de brasileiros.

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Para compensar isenção, mais ricos terão que pagar mais. Cerca de 141 mil contribuintes que recebem mais de R$ 600 mil por ano passarão a pagar até 10% sobre a renda total.

Assista ao vídeo do comentário abaixo:

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