Conab promete comprar arroz de produtores nacionais pagando acima do mínimo


Adriana Machado
Colaboração para o UOL, de Porto Alegre (RS)
21/03/2025 13h57
Em anúncio feito hoje pela manhã em Porto Alegre, o governo federal, por meio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), decidiu antecipar, de agosto para abril, a execução dos COV (Contratos de Opção de Venda) de arroz, com pagamento até 20% acima do preço mínimo ao produtor por saca. O objetivo é garantir renda ao homem do campo, estimular a produção para atender o consumo interno e formar estoques públicos.
O Rio Grande do Sul produz 70% do arroz nacional, por isso o evento ocorreu no estado, que será o principal beneficiado pelos contratos.
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O que aconteceu
Governo promete comprar produção. O Contrato de Opção de Venda é uma modalidade de seguro de preços que dá ao produtor rural ou à sua cooperativa o direito, mas não a obrigação, de vender seu produto para o governo, em uma data futura, a um preço previamente fixado.
Medida ajuda a custear produção agrícola de pequenos agricultores. Segundo o gerente de produtos agropecuários da Conab, Sérgio dos Santos Júnior, a intenção do governo é pagar para o produtor R$ 87,62 o saco de 50 quilos, incluindo custos logísticos e financeiros. Isto em agosto. "Para os agricultores que desejarem adiantar a venda, em maio, na fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, o valor será de R$ 82,65. Em Itaqui será de R$ 77 e, em Uruguaiana, R$ 76", diz ele.
Contratos garantem que produção será comprada pelo governo. Técnicos informam que com a medida, 1.233 contratos podem ser antecipados, com a comercialização de 33.3 mil toneladas de arroz. Na realidade, o governo pagará um bônus, acrescentando custos logísticos e mais 20%, de forma extraordinária.
O governo Federal disponibilizará R$ 1 bilhão para os Contratos de Opção de Venda. A previsão da safra de arroz no Brasil é de 12,7 milhões de toneladas de arroz, sendo que 70% do total sai dos campos do Rio Grande do Sul.
Outra importante iniciativa anunciada é a reforma de armazéns. Das 91 unidades, 1/3 foram fechadas pelo governo anterior. "Temos 9 imóveis e faremos permutas com o BNDES e iniciativa privada. Estamos estruturando uma modelagem que nos dará segurança econômica e jurídica", anuncia o presidente.
O Presidente da Conab, Edegar Pretto, ressalta que agosto é o mês da entressafra, e que a iniciativa terá por objetivo manter um equilíbrio dos preços. O consumidor final também poderá ser beneficiado com a compra do produto mais barato. "Nós estamos fazendo encontros com atacadistas e ouvindo o setor, fazendo uma série de análises técnicas. Logo, o contrato é atrativo. É sim um bom negócio, além de ser um gesto de segurança e de garantia ao agricultor", argumenta.
A intenção da Conab é estimular o plantio, já com vistas na safra de 2026, mantendo a regularidade da oferta nacional. Em relação aos estoques, o objetivo é estabilizar os preços nas gôndolas dos supermercados. "Tivemos seca no Nordeste e oferecemos R$ 60 o saco do milho. Com isto, nós conseguimos manter a estabilidade dos valores para o consumidor final", diz Pretto.
O Rio Grande do Sul é o estado que mais teve participação nos leilões de COV, realizados no ano passado. Ao todo, foram firmados 2.165 contratos com produtores gaúchos, o equivalente a 58,5 mil toneladas de arroz.