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Natura aposta em diversidade e investe no mercado de beleza negra

Agenor Leão, vice-presidente de Negócios da Natura - Divulgação Agenor Leão, vice-presidente de Negócios da Natura - Divulgação
Agenor Leão, vice-presidente de Negócios da Natura Imagem: Divulgação

Karla Dunder

Do UOL, em São Paulo

28/03/2025 09h50

Na contramão de uma tendência que ganha força nos Estados Unidos, que se coloca contra as práticas ESG (sigla em inglês para princípios ambientais, sociais e de governança nas empresas), a Natura aposta na diversidade. De olho no mercado de beleza negra, a empresa amplia seu portifólio para este público e lança a nova linha Tododia Jambo Rosa e Flor de Caju.

O lançamento atende a um mercado consumidor negro e pardo que segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é responsável por girar cerca de R$ 1,46 trilhão na economia. Ainda, de acordo com o instituto, 56% da população brasileira se autodeclaram preta ou parda e, ao mesmo tempo, não se viam representada no setor de beleza.

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A sustentabilidade e, nesse caso, a diversidade, que são crenças fundamentais do nosso negócio, são nossos motores de crescimento. Entendemos que existe uma grande parcela da população que é negligenciada - para se ter uma ideia, menos de 1% dos lançamentos de cosméticos no mundo são dedicados para pessoas pretas e pardas - e enxergamos esse lançamento como uma grande oportunidade de negócio.
Agenor Leão, vice-presidente de negócios da Natura e Avon no Brasil

O que aconteceu

Tododia Jambo Rosa e Flor de Caju será lançada hoje Linha foi codesenvolvida com mais de 2 mil mulheres que participaram de grupos focais. São cinco produtos que atuam na esfoliação, uniformização da pele, hidratação e aumento do viço. Um perfumista negro também foi chamado para desenvolver a fragrância.

Colaboradores e consultores também foram ouvidos para o desenvolvimento dos produtos. Segundo Leão, 57% das consultoras da Natura também se autodeclaram pretas e pardas. "É o espelho da população brasileira. Assim, elas [vendedoras] têm mais um argumento de venda", destaca Leão.

Empresa espera uma migração e ampliação de público para a nova linha. Para o vice-presidente, há espaço para crescer e ampliar a penetração entre esse público ao atender às necessidades específicas dele. "Estamos ampliando a linha Tododia, que já tem grande penetração nos lares brasileiros, vamos ampliar ainda mais nosso mercado, olhando para autoestima e bem-estar das pessoas, que é o nosso negócio."

Esse lançamento, lógico, é uma oportunidade de negócio, mas isso também acaba gerando uma empatia com o consumidor. Que ele se vê ali, se sente acolhido. 'Olha, eles estão pensando em mim'. Temos esse olhar, a sustentabilidade não é um uma coisa que acontece à parte da empresa e não é um custo, é um motor para alavancar o crescimento do negócio. Eu acho esse é o jeito que a Natura faz, que eu acho que traz esse resultado.
Agenor Leão, vice-presidente de negócios da Natura e Avon no Brasil

Segundo a Kantar, a linha Tododia é a marca de cuidados pessoais com maior participação individual no mercado. De acordo com a Natura, a linha é líder em hidratantes corporais e os produtos estão presentes em 37% dos lares brasileiros (o que equivale a uma presença em 22,2 milhões de domicílios).

Ações patinaram

As ações da Natura caíram neste ano. A queda aconteceu após a empresa apresentar um prejuízo de R$ 438,5 milhões no último trimestre de 2024. As perdas foram bem menores que no mesmo período do ano anterior, quando o indicador ficou em R$ 2,6 bilhões. Ou seja, houve redução de 83,5% no resultado negativo. Por achar que a desvalorização não se justifica, a empresa anunciou a recompra de ações.

Gastos com a Avon Internacional pesaram. A empresa passa por um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. Mas, segundo Leão, as empresas no Brasil e na América Latina seguem "muito bem". "No último trimestre, a receita líquida consolidada foi de R$ 7,747 bilhões, um aumento de 16.1% em relação ao mesmo período do ano anterior. E esse desempenho foi puxado por um forte crescimento no Brasil."


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