Brasil terá taxa menor ou igual a rivais em produtos que mais vende aos EUA
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Começou a valer ontem o "tarifaço" do presidente Donald Trump, aumentando os impostos que os Estados Unidos cobram na importação de produtos de 185 parceiros comerciais.
As mercadorias brasileiras terão uma tarifa mínima de 10%. Ainda existem dúvidas sobre o efeito dessa taxação para as exportações e as empresas do país, mas essa porcentagem é igual ou menor do que as que seus principais concorrentes pagarão nos cinco tipos de bens que o Brasil mais vende para os EUA.
O "tarifaço"
Ontem, entrou em vigor a determinação que impõe uma tarifa adicional de 10% sobre todas as importações de todos os parceiros comerciais dos EUA. A taxação foi anunciada por Trump em um evento na Casa Branca na quarta-feira passada (2) e publicado em uma ordem executiva da agência governamental US Trade Representative. Até a próxima quarta-feira (9), todos os países pagarão essa tarifa adicional de 10% — exceto aqueles que foram alvos de ações específicas anteriormente, como México e Canadá.
Taxa do Brasil de 10% e não deverá ser alterada no curto prazo. Essa porcentagem foi aplicada aos países com quem os EUA têm superávit comercial.
No dia 9 de abril, as tarifas serão elevadas para as demais nações com quem os EUA têm déficit comercial. As novas tarifas foram calculadas dividindo o déficit de 2024 pelo valor das importações, segundo o US Trade Represenative. As alíquotas podem chegar a 50%, como no caso de Lesoto e do arquipélago de São Pedro e Miquelão. Uma taxa de 25% já havia sido imposta anteriormente ao México e ao Canadá e essa porcentagem não deverá mudar.
Como vai funcionar a taxação
No decreto publicado pelo governo americano sobre a taxação, é usada a palavra "adicional" para qualificar as tarifas. O texto emprega a expressão "tarifa adicional ad valorem" — expressão em latim significa "conforme o valor", indicando que as porcentagens mencionadas no decreto serão aplicadas às já existentes. Por exemplo: o café verde (não torrado), que antes do "tarifaço" era taxado em 9%, deve passar a ter alíquota de 19%.
Existem algumas exceções devido a acordos anteriores. É o caso dos produtos de aço e ferro, cuja tarifa de 25% foi estabelecida por Trump em fevereiro e passou a vigorar na primeira quinzena de março. A taxa permanecerá nesse nível, não será adicionada dos 10%.
Efeitos para o Brasil
As empresas e o governo brasileiro ainda estão discutindo as consequências da taxação para as exportações e a economia do país. Mas as tarifas aplicadas aos cinco produtos mais vendidos pelo Brasil aos EUA são menores ou iguais às impostas aos seus principais concorrentes, sugerindo uma vantagem para as companhias brasileiras nessa nova ordem do comércio mundial.
- Produtos de ferro e aço: a tarifa do Brasil está em 25%, contra 25% do Canadá e 25% do México
- Suco de laranja: a tarifa do Brasil antes era de 5,9% e foi para 15,9%; a do México é de 25%
- Aviões e peças de aeronaves: a tarifa do Brasil era zero e foi para 10%; a do Reino Unido é de 10% e a do Canadá, de 25%
- Café verde (não torrado): a tarifa do Brasil era de 9% e foi para 19%; a do Vietnã é de 46%
- Celulose: a tarifa do Brasil era zero e foi para 10%; a da Alemanha é de 20% e a do Japão, de 24%
Para que as vantagens na comparação tarifária signifiquem ganhos na prática para os produtores, outros fatores precisam ser levados em consideração. Entre eles estão a qualidade da mercadoria brasileira em comparação com os artigos concorrentes e a capacidade de o Brasil aumentar sua produção desses bens para eventualmente substituir os rivais.