Conteúdo publicado há 16 dias

Apesar de derrocada dos mercados, Trump descarta voltar atrás no 'tarifaço'

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que não vai voltar atrás do pacote de tarifas e minimizou a turbulência nos mercados globais. A medida gerou temores de uma recessão e desestabilizou o sistema comercial global.

O que aconteceu

Trump comentou sobre a queda dos mercados globais. Ele disse que não é uma consequência desejada pelo seu governo, mas que "às vezes você precisa tomar um remédio para consertar algo". Um imposto universal de importação de 10% entrou em vigor nos Estados Unidos no sábado. Na quarta-feira (9), os impostos sobre as importações de alguns países, como os membros da União Europeia (20%) e a China (34%), aumentarão.

Ele reafirmou seus planos de manter as tarifas em vigor. "Muitos líderes, europeus, asiáticos, de todo o mundo, estão morrendo de vontade de fazer um acordo", disparou o presidente. "Não faremos isso, porque para mim um déficit é uma perda. Teremos superávits ou, na pior das hipóteses, empatamos", afirmou.

Hoje, o presidente Trump escreveu na rede social Truth que as tarifas estão "trazendo bilhões de dólares" para os EUA. As principais bolsas do mundo operam em queda na manhã de hoje, incluindo o Dow Jones.

Investidores estão vendendo seus ativos de risco, inclusive ações em bolsa, com medo das consequências da guerra comercial de Trump. Eles estão colocando o dinheiro em opções mais seguras, a exemplo do ouro e dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano.

Secretário americano disse que as tarifas permanecerão em vigor "por dias e semanas". Em entrevista à CBS, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, declarou que "não há como adiar" a medida. Ele também explicou que a decisão de taxar ilhas habitadas por pinguins é uma estratégia para evitar que países usem o local como uma brecha.

Governo diz que negociações do 'tarifaço' podem levar meses para dar fruto. "Mais de 50 países entraram em contato com o governo para reduzir as tarifas e acabar com a manipulação de suas moedas", disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, à NBC. "Vamos ver se o que eles têm a propor é confiável porque depois de 20, 30, 40 ou 50 anos de mau comportamento, não se pode começar do zero".

Casa Branca diz que mais de 50 países buscam negociação

Países estão buscando negociar porque "entendem que arcam com boa parte das tarifas", afirmou Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca. Ele disse acreditar que o impacto sobre os consumidores americanos será pequeno e negou que as medidas tenham relação com pressões sobre o Fed (Federal Reserve) para reduzir juros.

Continua após a publicidade

Taiwan e Vietnã estão entre os países que já buscam diálogo com os EUA. O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, propôs iniciar negociações com base em "tarifas zero", nos moldes do acordo entre EUA, Canadá e México. Apesar de ter sido incluído nas tarifas (com taxa de 32%), o setor de semicondutores —principal produto de exportação da ilha— foi poupado.

Lai Ching-te afirmou que Taiwan não adotará retaliações e prometeu manter os investimentos de empresas taiwanesas nos EUA. Exemplo da TSMC, que anunciou um novo aporte de US$ 100 bilhões. O governo da ilha também deve ampliar compras de produtos agrícolas e industriais dos americanos.

Já o Vietnã, que enfrentará tarifa de 46% a partir de 9 de abril, pediu pelo menos 45 dias para se adequar. O líder vietnamita, To Lam, enviou uma carta a Trump pedindo diálogo e afirmou que pretende viajar a Washington no fim de maio para tratar do assunto.

Na contramão, a China respondeu imediatamente às tarifas sobre seus produtos com medidas semelhantes contra os Estados Unidos.

*Com Estadão Conteúdo, AFP e Reuters

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.