Apostas em bets podem chegar a R$ 30 bilhões por mês em 2025, diz BC

O fluxo para apostas no Brasil pode chegar a R$ 30 bilhões por mês em 2025, segundo o Banco Central. O dado foi apresentado durante sessão da CPI das Bets no Senado nesta terça-feira. A CPI recebeu o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, o secretário executivo do BC, Rogério Lucca, e a chefe do departamento de supervisão de Conduta do BC, Julina Sandri.

O que disse o BC

Fluxo para apostas no Brasil gira em torno de R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês. O secretário executivo do BC, Rogério Lucca, disse que dados mais recentes mostram que o valor colocado em apostas no Brasil está entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês. O BC lançou um estudo no ano passado sobre esse tema, que chegou ao valor estimado de R$ 20 bilhões mensais. Mas os dados eram anteriores à regulamentação do setor. Com a regulamentação, foi possível avaliar esse fluxo de forma mais precisa. Lucca ressalta que parte significativa desse montante, estimada em mais de 90%, volta ao apostador.

Agora com dados mais concretos, ratificamos o valor de R$ 20 bilhões, mais recentemente podendo chegar a R$ 30 bilhões por mês. Durante esse ano, de janeiro a março, o valor que acompanhamos gira em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês.
Rogério Lucca, secretário executivo do BC

Quem aposta nas bets tem maior risco de crédito. Um levantamento do BC mostrou que as pessoas que realizam apostas online têm risco de crédito significativamente maior do que as que não realizam, disse o presidente do BC Gabriel Galípolo. "Os bancos consideram esse tipo de prática por parte do cidadão para analisar e classificar ele como um risco mais elevado. No final sai um custo maior para essas pessoas", disse.

Parte dos apostadores vê as apostas como investimento. Galípolo citou ainda um estudo que indicava que parte significativa dos apostadores dizia que as apostas eram uma alternativa de investimento. Com isso, o BC tem buscado promover ações de educação financeira para a população.

Galípolo disse que BC não fiscaliza bets. "O Banco Central do Brasil não tem a competência legal para fiscalizar ou aplicar sanções em decorrência de transações destinadas a apostas de cota fixa realizadas com pessoas jurídicas não autorizadas a exercer essa atividade", afirmou.

BC faz o controle de instituições financeiras e de pagamentos. "O alcance do BC reside no controle das instituições autorizadas por nós a funcionar e está limitado à legislação vigente". Dentre os pontos que integram o controle do BC estão as medidas tomadas pelas instituições financeiras para prevenção de lavagem de dinheiro, por exemplo.

BC não é responsável por autuar instituições financeiras que atuam com bets ilegais. Os senadores questionaram os representantes do BC repetidas vezes sobre qual seria o papel do BC na fiscalização e autuação de instituições financeiras que atuam com bets ilegais. A CPI identificou uma série de instituições financeiras autorizadas pelo BC que têm essa atuação. O BC ressaltou que a competência para aplicar qualquer sanção a essas instituições seria da Secretaria de Prêmios e Apostas, do Ministério da Fazenda.

Uma instituição financeira, apesar de ser autorizada por nós, pode ser sancionada em diversas dimensões, pela Receita Federal, pelos bombeiros. A definição de quem autua é a atividade que está gerando a autuação e, no caso de bets, não é nosso.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central

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Autoridade monetária levantou dados sobre bets a fim de verificar impacto econômico da atividade. Galípolo reforçou que uma das missões do BC é garantir a estabilidade financeira e por isso o BC faz o acompanhamento da atividade econômica. "No ano passado, nos chamou a atenção que parte da renda não ia para consumo ou para poupança. O papel do BC foi avaliar [a atividade das bets] para ver o impacto na atividade econômica, o que gerou a nota técnica sobre as casas de apostas no Brasil", disse.

CPI das Bets

CPI busca esclarecer o impacto das apostas digitais na saúde financeira dos brasileiros e apurar possíveis ilegalidades. A comissão foi instalada no Senado em 12 de novembro e tem 130 dias para concluir seus trabalhos. O presidente é o senador Dr. Hiran (PP-RR) e a relatora é a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).

Comissão quer ouvir a influenciadora Deolane Bezerra. A expectativa é que a influenciadora seja ouvida na quinta-feira. Ela chegou a ser presa pela polícia de Pernambuco, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo casas de apostas. A relatora Soraya Thronicke defende a convocação de outros influenciadores que fazem propaganda das bets.

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