Entenda como fica o 'tarifaço' após a suspensão das cobranças por 90 dias

Ler resumo da notícia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu suspender temporariamente as tarifas de importação sobre os todos os países, exceto a China, que teve a taxa elevada para 145%. A definição abre espaço para novas negociações.
O que aconteceu
Donald Trump interrompe "tarifaço". A suspensão temporária por 90 dias mantém as tarifas impostas inicialmente sobre as importações de diversos países. Segundo Trump, o alívio vale para as nações que não optaram pela retaliação.
Alerta do mercado estimula movimento. Com a derrocada das Bolsas globais, Trump avalia que os agentes financeiros estavam com "medo". "Eu estava acompanhando o mercado e vi o quanto estavam nervosos", disse, ao comunicar a suspensão.
Nada muda nas vendas do Brasil. Com a suspensão das cobranças, a situação nacional volta ao mesmo patamar da semana passada, quando o anúncio do "tarifaço" foi realizado. A cobrança adicional ao Brasil é a mínima imposta, de 10%.
Tarifas sobre o aço são mantidas. Como a definição vale somente para as "tarifas recíprocas", permanecem inalteradas as cobranças de 25% sobre as importações de aço e alumínio. A taxa está imposta desde o dia 12 de março.
Medida atinge diretamente o Brasil. O território nacional é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá. Somente no ano passado, 3,9 milhões de toneladas do metal foram exportadas pelo Brasil.
Taxa para Canadá e México é de 25%. As tarifas aos vizinhos dos EUA foram confirmadas, sem a interrupção por 90 dias. Apesar de estarem cobertos pelo pacto comercial da América do Norte, as taxas sobre a energia e o potássio permanecem em 10%.
Europa abriu mão da retaliação. A manifestação vale também por 90 dias. A União Europeia estima que a taxação sobre os produtos norte-americanos que entram no continente retiraria R$ 130,5 bilhões (22 bilhões de euros) dos EUA todos os anos.
Incertezas permanecem no radar. Vivian Vicente Almeida, professora de economia do Ibmec-RJ, vê as indefinições sobre o que vai acontecer como prejudiciais para o desenvolvimento econômico global. "As pessoas precisam de certezas e previsões para que elas possam se arriscar", explica ela.
China
Taxa sobre a China segue vigente. Diante do revide sobre as tarifas, Trump decidiu elevar as cobranças sobre as importações chinesas para 145%, variação 78 pontos percentuais superior à taxa estipulada inicialmente em 67%.
Cenário mudou em menos de 24 horas. Vivian afirma que o passo atrás de Trump evidencia a China e os parceiros comerciais da segunda maior economia do mundo com alvo do "tarifaço". "Quando o Trump adota essa sinalização, ele diz que a guerra é com a China", diz ela.
China se armou contra elevação das taxas. Vivian avalia que as sinalizações de Trump sobre a imposição das tarifas desde a campanha eleitoral permitiram que os chineses planejassem um contra-ataque. "Quando você sabe que vai rolar um ataque, você se prepara", afirma ela.
China garante que "lutará até o fim". Principal alvo de Trump, a segunda maior economia do mundo manteve a retaliação às tarifas classificadas como "típica intimidação". A última definição eleva para 84% as cobranças sobre as exportações dos EUA.
Negociações
Espaço aberto para novas conversas. "Queremos dar uma chance às negociações", escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao interromper o plano de retaliação aos Estados Unidos. "O trabalho preparatório para contramedidas adicionais continua", completou.
Trump afirma que estão "puxando saco". Ao avaliar a investida dos líderes mundiais em busca de acordo, o presidente dos EUA disse ter sido procurado por diversas nações. O republicano avalia que os países estão desesperados e dispostos a fazer "qualquer coisa" por uma negociação favorável.
Interesse por negociações é extenso. O diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, revelou no início desta semana, em entrevista à emissora ABC News, que mais de 50 países procuraram os EUA para eventuais acordos comerciais após a definição das tarifas.
Negócio com a China não é descartado. "Vamos fazer um bom acordo com a China, tenho certeza", disse Trump, em coletiva de imprensa no Salão Oval. Ao prever que as tarifas não serão mais elevadas, ele elogiou o presidente chinês, Xi Jinping, e prevê que o conflito não deixará o campo comercial.
Confira as tarifas em vigor
- China: 145%
- Brasil: 10%
- União Europeia: 10%
- Demais países: 10¨%
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.