Josias: Medinho da concorrência chinesa precisa ser olhado com cuidado
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O temor da indústria brasileira de uma possível invasão de produtos chineses no mercado nacional após a guerra comercial com os Estados Unidos deve ser observado com bastante cautela, analisou o colunista Josias de Souza no UOL News hoje.
Após os EUA determinarem uma taxa de 145% aos produtos importados da China, o país asiático deve redistribuir suas mercadorias por todo o mundo. O setor produtivo brasileiro demonstra preocupação e defende a adoção de mecanismos de proteção comercial.
É preciso tomar muito cuidado com esse tipo de discurso. Esse embate entre EUA e China submete a indústria brasileira a um choque de realidade e que expõe um atraso endêmico.
Desde o início do século passado, quando começou uma abertura econômica incipiente no Brasil, a indústria se trancou no protecionismo. Hoje, a indústria está amedrontada com a potencial concorrência de produtos chineses. O agronegócio está soltando fogos com a perspectiva de intensificar seus negócios com a China.
Se compararmos o comportamento do agronegócio ao da indústria, vemos que um apostou na produtividade e modernização. O outro ficou trancado no protecionismo e agora insinua que o governo brasileiro talvez tenha que providenciar barreiras para que a indústria nacional seja submetida a uma concorrência que virá, se for mantida essa insanidade tarifária. Josias de Souza, colunista do UOL
Para Josias, a indústria brasileira sofreu um atraso em seu desenvolvimento por defender o protecionismo e a manutenção de privilégios, enquanto o agronegócio decolou ao apostar em avanços tecnológicos e investimentos na produção.
É preciso analisar com muita parcimônia. Na origem do desenvolvimento da indústria sul-coreana e japonesa, houve a participação do Estado, mas foram estabelecidas metas e um plano de progressão. Aqui, não; surgem os mimos do Estado, a proteção, os subsídios e o mimo tributário. Esses privilégios vão se mantendo sem que a indústria seja convidada a mostrar o resultado do investimento do Estado nessa hipotética política industrial sempre baseada no protecionismo.
O agronegócio, ainda que tenha um pedaço troglodita, neandertal e bolsonarista que participou da tentativa de golpe, apostou na produtividade e modernização e hoje está disputando o mercado mundial. É respeitado e temido no mundo, olhando para a China como uma janela de oportunidade.
Precisamos olhar com muito cuidado para esse discurso da indústria nacional. Daqui a pouco há passeata de industriais na frente do Palácio do Planalto pedindo cotas, tarifas e proteção porque estão com medinho da concorrência chinesa.
Temos que olhar com uma lupa para o que entra no Brasil. Mas esse discurso fácil de que a indústria está submetida a uma concorrência desleal e desde já ver o que precisamos fazer para nos proteger leva ao atraso. Em um cenário ideal, o Brasil precisaria submeter sua indústria a uma concorrência que jamais sofreu. A indústria brasileira é protegida em excesso e isso gerou atraso. Josias de Souza, colunista do UOL
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