Dá para fazer empréstimo consignado do FGTS? Conheça Crédito do Trabalhador

Trabalhadores com carteira assinada já podem solicitar empréstimos utilizando o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia, através do programa Crédito do Trabalhador.
Como funciona essa modalidade de empréstimo?
Desde março, profissionais contratados pelo regime CLT têm acesso ao novo tipo de crédito, lançado pelo governo federal como uma nova opção de financiamento. A solicitação pode ser feita exclusivamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital ou diretamente nos bancos credenciados.
O trabalhador informa o valor que deseja contratar, e o sistema apresenta uma série de propostas. Funciona como um leilão, no qual o interessado pode escolher a alternativa mais vantajosa — seja em relação às taxas de juros ou prazo de quitação.
O desconto das parcelas será feito mensalmente via eSocial, respeitando o limite de 35% da remuneração. Segundo o governo, isso permite juros menores do que os normalmente praticados nos consignados por convênio. Após a contratação, o acompanhamento do pagamento é feito mês a mês.
Será possível utilizar até 10% do saldo do FGTS como garantia. Em caso de demissão, o trabalhador também poderá usar 100% da multa rescisória como cobertura. Se o profissional mudar de empresa, mas continuar registrado sob o regime CLT, as condições permanecem as mesmas.
A gestão do programa ficará a cargo do Comitê Gestor das Operações de Crédito Consignado, responsável por estabelecer normas e definir possíveis limites de juros, conforme prevê decreto publicado recentemente.
Também será permitida a portabilidade de dívidas: quem já possui empréstimos com desconto em folha poderá migrar o contrato para o novo modelo a partir de 25 de abril. Um dos objetivos do programa é diminuir o risco de superendividamento.
Essa nova opção pode ser interessante para quem já enfrenta dívidas, como no caso do rotativo do cartão de crédito. Segundo Leticia Camargo, da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), também vale para quem tem pendências no cheque especial ou no CDC (Crédito Direto ao Consumidor). Ela explica: "Para situações inesperadas, quando não há reserva de emergência, esse consignado pode ser mais vantajoso que outras formas de crédito".
Por outro lado, a especialista alerta que não é ideal para aposentados que ainda trabalham e já utilizam o limite do consignado da aposentadoria. "Nesse caso, é mais indicado pegar o empréstimo atrelado ao benefício do INSS, que tem juros mais baixos que o consignado CLT", explica.
Na hora de escolher a melhor proposta, é essencial ficar atento ao CET (Custo Efetivo Total), pois é esse indicador que mostra o custo real do empréstimo. Leticia ainda reforça: "Não se comprometa com parcelas que vão pesar no orçamento. Para comprar um imóvel pode fazer sentido financiar, mas para pagar despesas cotidianas, não vale a pena se endividar".
Como acessar a Carteira de Trabalho Digital?
- Para utilizar a Carteira de Trabalho Digital, é necessário estar registrado na plataforma Gov.br. Veja o passo a passo:
- Acesse o site Gov.br e preencha seus dados pessoais: CPF, nome completo, data de nascimento, nome da mãe e estado onde nasceu;
- Em seguida, você responderá a um questionário com cinco perguntas sobre sua vida profissional;
- Após isso, receberá uma senha provisória, que precisará ser alterada no primeiro login;
- Com o cadastro finalizado, sua Carteira Digital estará acessível pelo app Carteira de Trabalho Digital, disponível para Android e iPhone, ou pelo navegador no site serviços do MTE.
A emissão do documento é feita automaticamente. De acordo com a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, todos os brasileiros com CPF ativo já possuem uma Carteira de Trabalho Digital. Para quem ainda não teve registro formal de emprego, o documento trará apenas as informações civis básicas.
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