Chocolates, azeite e bacalhau mais caros deixam a Páscoa 2025 mais salgada

A Páscoa de 2025 terá um gosto mais salgado para as famílias que desejam celebrar com um almoço ou presentear com ovos de chocolate.

O que aconteceu

Principais itens consumidos na Páscoa estão mais caros. A taxa foi calculada com base no avanço dos preços medidos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre abril do ano passado e março deste ano.

Bacalhau e outros pescados têm preços mais salgados. Peixe com presença tradicional no almoço de Páscoa, o bacalhau acumula alta de 6,45% em 12 meses. A alta é acompanhada pelo atum em conserva (+7,84%) e a sardinha em conserva (+4,78%). Os pescados em geral, no entanto, têm preços 0,26% menores do que há um ano.

Preço dos itens para preparo das refeições também subiu. Entram na lista o ovo de galinha, atual vilão da inflação (+19,52%), a azeitona (+14,1%) e o azeite de oliva (+10,01%).

Batata-inglesa e cebola aliviam o bolso das famílias. No sentido oposto, apresentam variações negativas desde abril do ano passado os preços da cebola (-37,78%), da batata-inglesa (-36,69%) e do arroz (-4,87%).

Alta da cesta de consumo da Páscoa dispara desde 2023. Segundo cálculos do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a cesta de consumo da data comemorativa saltou 21,68% nos últimos três anos. No período, o azeite aparece com a maior elevação acumulada (74,54%).

Itens cujos preços médios são mais elevados, como o azeite, o bacalhau e os chocolates, tiveram altas expressivas não somente em relação ao ano passado, mas sucessivamente ao longo do tempo, fazendo com que o preço pago pelo consumidor esteja sempre crescendo.
Matheus Dias, economista do FGV/Ibre

Chocolate mais amargo

Doce tradicional figura como principal vilão do bolso neste ano. Presente típico para a data, os chocolates em barra e os bombons estão 21,77% mais caros do que há um ano. A variação é quase quatro vezes maior do que o IPCA acumulado no mesmo período (5,48%).

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Inflação do chocolate é motivada pela escassez da oferta de cacau. No último ano, o preço da matéria-prima usada na fabricação do doce mais famoso da Páscoa quase triplicou, segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

Crises sanitárias e o clima também impactaram a produção do fruto. A Costa do Marfim e Gana, responsáveis por 70% da produção mundial de cacau, sofreram com períodos de chuvas e secas. O quadro foi agravado pela presença do fungo Vascular Streak Dieback nas plantações.

Reduflação exige atenção dos consumidores. Dias ressalta as estratégias das fabricantes de reduzir a gramatura dos produtos para manter os preços no mesmo patamar. "Observamos que ingredientes importantes tiveram aumentos muito acima dos preços do chocolate ao consumidor [desde abril de 2022]. No período total analisado, a manteiga de cacau registrou 125% de alta, leite em pó subiu 29%, açúcar aumentou 16%, em média, mas bem acima dos preços observados ao consumidor," afirma ele.

Estratégias ajudam a driblar alta

Planejamento dos gastos funciona como aliado contra a inflação. "Pesquisar preços, explorar formatos alternativos e definir um orçamento são passos essenciais para evitar compras impulsivas", orienta Thaisa Durso, educadora financeira da Rico. Ela explica que os ovos têm preço mais elevado do que o chocolate em barra e, por isso, a atenção aos preços resulta em economia.

Cuidado com as compras de última hora. Matheus Dias ressalta que a procura aumenta conforme a aproximação da data comemorativa, abrindo espaço para elevações de preços. "Tradicionalmente, ocorre intensificação da demanda sobre itens típicos da data, podendo gerar pressões adicionais de curto prazo nos preços encontrados pelo consumidor no momento da compra", diz o economista.

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Pesquise opções fora dos supermercados e das grandes marcas. Durso afirma que a compra de ovos de chocolate artesanais ou caseiros contribui para um gasto menor. "Experiências compartilhadas, como caça aos ovos e encontros familiares, são alternativas econômicas que mantêm o encanto da data", reforça.

Com essas estratégias, é possível aproveitar a Páscoa de forma especial sem comprometer as finanças, equilibrando tradição e planejamento financeiro.
Thaisa Durso, educadora financeira da Rico

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