Lucro da Vale cai 17% no 1º tri e fica abaixo de projeções já pessimistas
Colaboração para o UOL, em São Paulo
24/04/2025 21h47
A Vale (VALE3) reportou nesta quinta-feira (24) um lucro líquido de R$ US$ 1,39 bilhão no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 17% ante o mesmo período do ano passado. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) da companhia no último trimestre ficou em US$ 3,1 bilhões, 9% abaixo do resultado do primeiro trimestre de 2024 e de 18% em relação ao trimestre imediatamente anterior
A receita da companhia entre janeiro e março somou US$ 8,1 bilhões, variação negativa de 4% em relação ao mesmo período de 2024 e de 20% na comparação com o quarto trimestre de 2024.
O que diz a Vale
A Vale minimiza os resultados fracos e destaca progresso em custos e eficiência. No relatório divulgado após o fechamento do mercado, a mineradora não comentou os resultados mais fracos no primeiro trimestre de 2025 e considerou o início de ano "consistente" e alinhado com os objetivos da companhia para 2025.
"Estamos vendo um bom momento na gestão de custos, com nosso C1 atingindo US$ 21/t no 1T, continuando a trajetória de queda ano a ano. Nossos projetos de geração de valor continuam a progredir, sendo elementos essenciais para aumentar a flexibilidade do nosso
portfólio e melhorar a eficiência operacional e de custos", afirmou Gustavo Pimenta, CEO da Vale.
Historicamente, os primeiros três meses do ano são tradicionalmente mais fracos para a companhia. Neste primeiro período do ano, a temporada de chuvas na região Norte do Brasil provocou impactos operacionais, como adiantou a companhia em relatório no último dia 15. Também pesou uma combinação negativa de fatores, que inclui preços realizados mais baixos e menor volume de vendas. Assim como a valorização de 7% do real frente ao dólar no trimestre, que reduziu a conversão de receitas para empresas exportadoras como a mineradora.
Prévia operacional sinalizava queda do resultado financeiro. O resultado dessa combinação de fatores foi uma produção de minério de ferro 4,5% menor na comparação ano a ano. Uma das principais produtoras de minério de ferro do mundo, a companhia produziu 67,7 milhões de toneladas da commodity entre janeiro e março, conforme o previsto em seu plano de produção, mas o resultado final foi 20,7% mais baixo em termos trimestrais, um indício de que o balanço viria mais fraco nos primeiros três meses do ano.
CEO fala em reestruturação de ativos. No comunicado, Pimenta destacou na Vale Base Metals, os benefícios das iniciativas de revisão de ativos "estão surgindo". Segundo o dirigente, a Vale tem colhido avanços também da estratégia "Vale 2030", com foco em gerar valor sustentável mesmo em um cenário macroeconômico desafiador
"A joint venture estratégica na Aliança Energia nos ajudará a cumprir nossas metas de descarbonização de longo prazo. O atual ambiente macroeconômico e de volatilidade do mercado reforçam a importância da nossa estratégia Vale 2030, na qual estamos construindo uma empresa ainda mais competitiva, capaz de prosperar em qualquer condição de mercado. Com essa abordagem, estou confiante de que geraremos valor significativo para todos os nossos stakeholder", destacou o CEO.
O que esperava o mercado
Queda foi maior do projetavam analistas. Com base no desempenho negativo da produção de minério, a Bloomberg já projetava queda no lucro líquido, na receita e no Ebtida da Vale. A média das expectativas, contudo, era por lucro líquido de US$ 1,62 bilhão. A revisão para baixo era seguida por analistas do mercado financeiro que, mesmo com o incremento de cerca de 8% nos embarques de finos de minério, não viam condições para evitar um resultado financeiro menor.
Futuro das ações da Vale. Antes do fechamento das bolsas, nesta quarta, a BB Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da VALE3 de "compra" para "neutra" A decisão se baseava principalmente na alta incerteza sobre a demanda global por minério de ferro e nas tensões comerciais entre China e Estados Unidos. O preço-alvo das ações também foi revisado, de R$ 74 para R$ 65.
Visão positiva para a ação. O Itaú, por outro lado, mantinha a recomendação de compra, apontado a ação da mineradora como uma opção atrativa entre os pares internacionais. O cálculo da instituição financeira levava em conta o valuation descontado, fluxo de caixa robusto e políticas de retorno ao acionista. rando os 134 mil pontos. O desempenho foi impulsionado por Wall Street e as ações da Vale também fecharam em alta.