99Food zera taxas de restaurantes por 2 anos 'contra monopólio do delivery'

A 99Food, serviço de entrega de refeições da 99, anunciou sua volta ao mercado brasileiro com isenção de taxas para restaurantes por dois anos. Segundo divulgado hoje, a companhia promete passar 24 meses sem cobrar mensalidade ou comissão dos estabelecimentos que se cadastrarem na plataforma. Haverá apenas o custo referente à entrega do produto para o consumidor, que varia conforme fatores como distância, tempo, oferta e demanda.

A estratégia é uma tentativa da empresa de disputar espaço com o iFood, que hoje domina o setor de delivery no país, ou "contra o monopólio do delivery", como afirmou. A 99 também esperar atrair até 400 mil estabelecimentos, especialmente pequenos comerciantes que hoje estão fora do sistema por conta dos custos cobrados pelas plataformas tradicionais.

"Essa proposta não é uma promoção. É um novo padrão. E mostra nosso compromisso de sempre oferecer o melhor negócio para os restaurantes brasileiros", afirma o diretor sênior da 99, Bruno Rossini.

O que é a aposta na redução de taxas

O cadastro já será aberto nesta terça para restaurantes em todos os estados do país. As operações, no entanto, vão começar em etapas. Segundo o comunicado da empresa, os estabelecimentos serão avisados com 30 dias de antecedência do início da operação em cada região.

Os empreendimentos poderão escolher entre dois modelos: Full Service e Marketplace. No primeiro, o serviço de delivery da 99 cuidará de todo o processo, com taxa de entrega fixa e conforme a distância. Enquanto no segundo, os restaurantes receberão os pedidos via 99Food, mas a entrega ficará por sua responsabilidade.

A 99 Food afirma que já conta com 55 milhões de usuários integrados ao aplicativo da 99. Com a estratégia de isenção, a empresa pretende se posicionar como uma alternativa mais acessível para restaurantes e consumidores, além de garantir ganhos sustentáveis aos entregadores. No caso do consumidor final, o lançamento está previsto para os próximos meses.

Isenção de taxas tem benefício na ponta, diz a empresa. Para Rossini, além de ajudar a reduzir a concentração do mercado brasileiro de entrega de comida, o retorno do serviço de delivery da empresa pode resultar em preços mais acessíveis para os consumidores, já que os restaurantes teriam mais margem para reduzir os valores dos pratos ou praticar o valor do consumo no local.

Simulação comparativa. Simulações feitas pela 99Food, com base em médias praticadas pelo mercado, apontam que em um pedido de R$ 100, o comerciante perde R$ 26,20, pagos com 12% de comissão, 11% de taxa de delivery e 3,2% de transação de pagamento, ficando com menos de R$ 74.

Continua após a publicidade

Com a 99Food, em um pedido de R$ 100 o comerciante fica com R$ 92,30. A empresa promete que no modelo da 99Food, sem pagar comissão, o comerciante terá um custo de apenas R$ 7,70 em um mesmo pedido de R$ 100, sendo 4,5% de taxa de delivery e 3,2% pela transação de pagamento, ficando com mais de R$ 92,30.

Movimentação na concorrência

"Estamos devolvendo o controle do mercado para quem cozinha e quem entrega. Em um pedido médio, os restaurantes podem ganhar cerca de 20% a mais do que hoje — um salto real que transforma o delivery em fonte de lucro, e ainda garante aos consumidores as opções mais acessíveis de comida do mercado", afirma o diretor sênior da 99.

No início de abril, a empresa chinesa Didi, dona da 99, anunciou investimento de R$ 1 bilhão no mercado brasileiro. Na ocasião, não especificou exatamente a finalidade e o período do investimento, mas ressaltou que parte seria para o serviço de entregas. A previsão é que o 99 Food volte a funcionar até junho deste ano.

O serviço 99 Food foi encerrado em 17 de abril de 2023. Na época, a empresa afirmou que iria concentrar investimentos na expansão do 99 Moto e em outras modalidades, como a entrega de itens pessoais, por exemplo. Antes da saída da 99Food, o mercado brasileiro de delivery já dava sinais de dificuldades. A Uber, que também atuava no ramo, descontinuou o Uber Eats em março de 2022.

Fora a 99Food, outra chinesa é esperada para estrear no Brasil. A plataforma chinesa de delivery Meituan tem planos de iniciar a operação no país. A previsão é que isso ocorra entre o fim deste ano e o início de 2026.

Continua após a publicidade

A Rappi também vai zerar suas taxas de intermediação. Segundo reportagem da Folha de São Paulo, a medida deve ser anunciada na próxima segunda, dia 5 de maio. Felipe Criniti, CEO da empresa no Brasil, negou que a estratégia seja uma reação à chegada da 99Food e disse que se trata de um plano elaborado desde o fim do ano passado para expandir a participação da Rappi no mercado nacional, que hoje gira em torno de 8%.

Questionado pela reportagem, o iFood não falou em novas estratégias diante do anúncio da 99. A plataforma afirmou que o setor de delivery no Brasil continua altamente competitivo, com a empresa focada no crescimento sustentável do ecossistema. Atualmente, segundo ela, são 55 milhões de clientes e 110 milhões de pedidos por mês. "Estamos comprometidos em potencializar o sucesso dos parceiros, otimizando e impulsionando cada estabelecimento cadastrado em nossa plataforma e garantindo um atendimento de qualidade", disse em nota.

(Reportagem atualizada às 11h38 do dia 30 de abril para inclusão de nota do iFood)

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.