'Estavam chorando', diz Trump sobre alívio no peso de tarifas sobre carros
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou hoje uma ordem para reduzir o impacto das tarifas que ele mesmo impôs ao setor automotivo. "Os caras estavam chorando", disse ele em comício na noite de hoje. "Eles adoraram [o alívio]."
O que aconteceu
O alívio será nas tarifas sobre as peças importadas usadas em carros fabricados nos Estados Unidos. O republicano concordou em conceder às montadoras créditos de até 15% do valor cobrado pelos veículos montados no país.
Esses créditos poderão compensar o gasto com as peças importadas. A intenção é dar tempo para que as cadeias de suprimentos substituam o produto importado. Isso dará à indústria um "pequeno alívio", disse Trump após a assinatura da ordem.
A mudança ocorre no dia em que Trump viajou para Michigan, berço da indústria automobilística. A medida também antecede em poucos dias a entrada em vigor de uma nova série de tarifas de importação de 25% sobre componentes automotivos.
Já em Michigan, Trump disse que concedeu o benefício para "ajudar as montadoras a trazerem suas fábricas para casa o mais rápido possível". "Acabei de assinar uma ordem executiva para dar descontos parciais de tarifa a qualquer empresa que monte seus carros aqui nos EUA", afirmou. "Estou dando a eles um pequeno desconto, certo? Eles recebem peças do mundo todo. Eu não quero isso. Eu quero que eles façam as peças aqui, mas eu dei um tempinho a eles."
Alguém vai dizer, 'ah isso é uma mudança'. Não é. Chama-se um pouco de flexibilidade. Os caras estavam chorando. Eles adoraram, está tudo bem.
Donald Trump
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A decisão tenta estancar o aumento de sua impopularidade. O americano está descontente com os indícios de que o tarifaço reduzirá o crescimento do país e poderá elevar a inflação e o desemprego. Trump está às vésperas de completar 100 dias no cargo.
No discurso de hoje, Trump disse que as empresas já querem fabricar carros na região. "Sabe por quê? Por causa da nossa política tributária e tarifária", disse. "Eles vêm aqui, inauguram fábricas e conversam conosco dia e noite. Eles querem vir para cá e estão produzindo em níveis nunca vistos antes."
De acordo com ele, "ao invés de China primeiro, nós estamos colocando Michigan primeiro, os EUA primeiro". "Em 100 dias, realizamos a mudança mais profunda em Washington em quase 100 anos", disse ele.
A indústria automotiva dos EUA pediu a Trump que recuasse. Ela reivindicou na semana passada que Trump não impusesse tarifas de 25% sobre peças automotivas importadas, alertando que isso aumentaria os preços e reduziria as vendas de carros. Trump já havia dito que só imporia essas tarifas até, no máximo, o dia 3 de maio.

As tarifas sobre peças automotivas podem desorganizar a cadeia global de suprimentos. A tese é do setor automobilístico americano, que enviou uma carta ao governo dizendo que o valor cobrado iria "desencadear um efeito dominó que levará a preços mais altos para os consumidores, queda nas vendas das concessionárias e tornará a manutenção e o reparo de veículos mais caros e menos previsíveis".
Assinam o documento empresas como General Motors, Toyota, Volkswagen e Hyundai. "A maioria dos fornecedores automotivos não tem capital suficiente para lidar com uma disrupção abrupta causada por tarifas. Muitos já enfrentam dificuldades e correrão o risco de paralisações na produção, demissões e falência", diz o texto.
Basta a falência de um fornecedor para provocar a paralisação da linha de produção de uma montadora.
Carta das montadoras
Segundo membros do governo, Trump ouviu a reclamação. "O presidente está construindo uma parceria importante com os fabricantes nacionais e com os nossos grandes trabalhadores americanos", declarou o secretário de Comércio, Howard Lutnick, em comunicado da Casa Branca que antecedeu o anúncio do republicano.
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