Agrishow tem recorde de negociações e público na edição 2025

A 30ª edição da Agrishow — uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo — alcançou um total de R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios, o maior volume já registrado no evento. O crescimento foi de 7,3% em relação ao ano passado, quando o evento registrou movimentação de R$ 13,6 bilhões. Os dados levam em conta apenas máquinas e implementos agrícolas, desconsiderando outros tipos de transações, como vendas de carros e insumos.

O evento, realizado em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, de 28 de abril até hoje, teve também recorde de público, com uma circulação total de 197 mil visitantes.

Financiamentos

Segundo disse o presidente da Agrishow em entrevista coletiva à imprensa hoje, a efetivação das transações que começaram a ser conversadas na feira depende bastante das condições do novo Plano Safra, o programa de crédito agropecuário anual do governo federal, que sempre tem suas regras anunciadas em maio para ser aberto em junho.

Tudo está vinculado ao novo Plano Safra. A concretização desses acordos dependerá do volume e taxas do novo programa agrícola, que deve ser lançado na segunda metade de junho.
João Marchesan, presidente da Agrishow

Mas, mesmo com a recente alta dos juros no país — a taxa básica Selic aumentou 3,75 pontos percentuais em 12 meses, para 14,25% ao ano —, os bancos e as cooperativas de crédito que oferecem financiamento para os negócios na Agrishow relatam que as propostas assinadas nesta semana superaram as expectativas.

No Banco do Brasil, o volume de contratros ultrapassou R$ 3 bilhões em apenas três dias. Luiz Gustavo Braz Lage, vice-presidente de agronegócios do BB, atribuiu o bom desempenho ao cenário de safra recorde de grãos e de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do setor.

Rafael Darozi, agricultor de cereais de Itapeva (SP), foi um dos que aproveitou a feira para investir em maquinário.

Tivemos uma safra boa e compramos uma colheitadeira via financiamento. Foi a melhor opção, mesmo com os juros, porque não queríamos nos descapitalizar.
Rafael Darozi, agricultor

Durante a Agrishow, outras fontes de crédito público foram anunciadas. O governo do estado de São Paulo informou que disponibilizou um pacote de R$ 600 milhões para o agro paulista, incluindo crédito para a recuperação de estradas e subsídios para maquinários. Por um FDIC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) fomentado pela agência Desenvolve SP e estruturado em parceria com a BTG Asset, gestora de recursos do banco BTG Pactual, um montante entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões será ofereceido ao setor de biocombustíveis.

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Alexandre Cândido, presidente da ACP Bioenergia, uma das empresas que aproveitou o FIDC na Agrishow 2025, disse que os prazos e taxas atrativas do fundo permitirão ampliar investimentos estratégicos em irrigação, biofábricas e ativos biológicos.

Ampliação da Agrishow

O sucesso da feira nos últimos anos tem inspirado seus organizadores a planejar a expansão do evento.

Marchesan, o presidente atual, e Maurílio Biagi, presidente de honra da Agrishow, manifestaram no lançamento da edição de 2025 a intenção de aquisição via doação ou compra do espaço da feira, que atualmente é emprestado pelo estado de São Paulo. A proposta é ter um local que permita adequações de infraestrutura que levam mais tempo, bem como uma montagem permanente para exposições na cidade.

Enquanto a primeira Agrishow, há 30 anos, teve 50 expositores (e 15 mil visitantes), hoje são 800 expositores na mesma área de 520 mil metros quadrados. Segundo Marchesan, não há mais espaço para abarcar o crescimento do evento e que há intenção de expandir.

Os organizadores também declararam que pretendem ampliar a participação de empresas estrangeiras na próxima edição. O presidente da feira declarou que os recordes na exportação de commodities agrícolas e a conquista novos mercados aumentam a percepção no exterior de que o Brasil é um país altamente competitivo, o que se reflete na procura pela feira para compra e venda de tecnologia.

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O evento deste ano recebeu expositores e visitantes de mais de 50 países, incluindo representantes de Espanha, República Tcheca, Índia, Estados Unidos, Colômbia, Holanda e Hong Kong. A feira contou ainda com um pavilhão italiano, com 19 empresas e instituições do país europeu, e um pavilhão chinês, com 60 companhias.

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