PIB negativo e salários estagnados: Trump vive nova semana amarga nos EUA

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Os indicadores norte-americanos divulgados nesta semana trazem dores de cabeça para o presidente dos EUA, Donald Trump. Em alerta com os desdobramentos do "tarifaço", o republicano amargou o encolhimento do PIB no primeiro trimestre de seu mandato e a desaceleração dos dados de emprego.
O que aconteceu
Mercado de trabalho dos EUA perde fôlego. Cerca de 241 mil profissionais pediram seguro-desemprego na última semana. O número supera em 7,6% a estimativa de solicitações para o período (224 mil). Neste ano, o número só é inferior ao referente à última semana de fevereiro (242 mil pedidos).
Taxa de desemprego permanece estável. O relatório de emprego dos Estados Unidos mostra que 4,2% da população norte-americana busca uma colocação. Apesar da abertura de 177 mil vagas superar as expectativas, o desempenho representa uma desaceleração em relação ao resultado de março (228 mil postos).
Salários crescem em velocidade limitada. O avanço de 0,2% dos ganhos médios por hora trabalhada no mês passado surge aquém da projeção que previa uma alta de 0,3%. O aumento anual, de 3,8%, também aparece 0,1% inferior às estimativas.
Efeitos do "tarifaço" devem surgir em maio. A perspectiva é do economista sênior do Inter, André Valério. "A próxima leitura pode nos dar maiores informações sobre a dinâmica futura do mercado de trabalho", diz Valério. Ele ainda vê a possibilidade de revisão para baixo dos dados atuais, assim como aconteceu nos últimos dois meses.
Índices surgem em meio ao recuo do PIB. No primeiro trimestre da nova gestão de Donald Trump, a economia dos EUA encolheu 0,3%. Pior do que o esperado (-0,2%), o resultado divulgado na quarta-feira representa a primeira contração da soma de bens e serviços produzidos pelos EUA desde 2022.
Trump nega que "tarifaço" motive os dados. O chefe da Casa Branca atribuiu o PIB negativo à administração de seu antecessor, o democrata Joe Biden. "Eu era totalmente contra tudo o que Biden fazia na economia", minimizou após a divulgação dos dados. Sobre os dados do mercado de trabalho, ele diz que o governo está em "fase de transição".
Empresas demonstram perda de força. A temporada de balanços das empresas acende um novo alerta a respeito do "tarifaço". Enquanto a General Motors corta projeção de lucro e estima prejuízo de US$ 5 bilhões devido às taxas, as vendas globais do McDonald's recuaram com a perda de confiança dos consumidores.
Juros
Presidente também culpa efeito dos juros. O republicano tem cobrado nominalmente o presidente do Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos Estados Unidos, Jerome Powell, a reduzir os juros para estimular a economia. "Entendo mais de juros do que o Powell", declarou Trump na quarta-feira. Há algumas semanas, ele ameaçou demitir o comandante do Fed.
Falas recentes de Powell são outro revés. Mesmo diante da pressão de Trump, o presidente do Fed garante que o BC dos EUA "não tem pressa" para alterar a condução da política monetária. "Sabemos que flexibilizar a política muito rapidamente, ou em demasia, pode prejudicar o progresso da inflação", disse em audiência no Congresso.
Decisão sobre as taxas sai na próxima semana. Com a interrupção do ciclo de cortes em dezembro, os juros dos EUA operam entre 4,25% e 4,5% ao ano. A reunião para definir o novo patamar da taxa acontece na quarta-feira da próxima semana (7). A expectativa majoritária do mercado financeiro aponta para uma nova manutenção dos juros.
A incerteza tarifária ainda é alta o suficiente para manter o Fed em estado de paralisia, apesar dos resultados favoráveis de inflação e emprego. André Valério, economista sênior do Inter
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