Leucemia e novo Shop Tour: por onde anda garoto-propaganda das Americanas

Ler resumo da notícia
No início da década de 1990, Luiz Antonio Cury Galebe anunciava na TV as melhores promoções das Lojas Americanas, que passa por recuperação judicial. As publicidades traziam o tom descontraído da antiga Shop Tour, um programa de vendas televisivo idealizado pelo próprio Galebe.
Atualmente, Galebe diz ter reeditado o programa para um versão mais contemporânea, um aplicativo em que lojistas e pessoas físicas podem divulgar e comercializar produtos por meio de vídeos curtos em um aplicativo que também é chamado de Shop Tour. O UOL entrou em contato com a empresa para confirmar a ligação do empresário com o aplicativo e aguarda retorno.
A trajetória do garoto-propaganda
Galebe começou como varejista pouco depois de lançar o Shop Tour. O programa foi ao ar no final da década de 1980.
Sempre tive a ideia de fazer a televisão vender as coisas. Eu via televisão e era sempre novela, filme e jornal. Um show aqui, um futebol ali. Eu pensei: um baita veículo de comunicação deveria servir também para fazer negócio
Galebe, em entrevista ao Made In USA Podcast.
Galebe disse que foi inspirado pela própria televisão dos Estados Unidos. No entanto, para trazer o formato ao Brasil, precisava buscar "uma ginga diferente".
Quando eu consegui fazer o que eu queria, eu levei para duas ou três produtoras e elas deram risada da minha cara. Falaram: 'você acha mesmo que alguém vai ficar olhando isso aí por uma hora?'. Aí eu falei: 'lógico que eu acho! Olha que transado que é a loja apresentada por mim, com o lojista, a gente fazendo tudo à vontade?
Galebe, em entrevista ao Made In USA Podcast.
A atração ganhou espaço na Rede Record, durante uma hora na madrugada da emissora. Mas a expansão começou anos depois, atingindo canais como Rede Manchete, Rede Bandeirantes e o Canal 21. "Eu vendi de tênis a anestesia", relatou Galebe.
Após o sucesso do formato, foi a vez de as Lojas Americanas procurarem pelo apresentador e tentarem inovar nas vendas. "Quando me convidaram para fazer Lojas Americanas eu falei: 'Não vou fazer'. E eu era cabeçudo pra caramba. Acabei indo lá conversar e eles falaram: 'A gente não quer copiar você, a gente quer fazer exatamente o que você faz, com você. Então fiz seis anos de Lojas Americanas. Foi uma delícia. Fiz a empresa vender pra caramba."
Como era a propaganda?
- Geralmente, ela durava cerca de um minuto
- Galebe passeava pelas prateleiras das lojas mostrando as ofertas e conversando com os vendedores.
- Às vezes, recebia participações especiais, como o grupo Mamonas Assassinas, que lançava o álbum homônimo em 1995, ou a apresentadora Eliana, que promovia a boneca Debby Eliana, no Natal de 1996.
O pós-Americanas
No início dos anos 2000 a parceria se encerrou. Durante o fim do projeto, a ex-mulher de Galebe, Maria Cristina Rodrigues dos Santos, sócia minoritária do Shop Tour, entrou na Justiça para reclamar os direitos pela participação na empresa. A disputa entre os dois teve uma série de troca de acusações e movimentações no Tribunal, que impulsionou, mais tarde, a decisão dele de vender a própria empresa.
As negociações ocorreram em 2011, um ano após Galebe ser diagnosticado com leucemia. "A empresa já estava para baixo, cheia de briga judicial. Eu tive uma ex-sócia [Maria Cristina] terrível e atrapalhou a minha vida pra caramba", disse ele ao podcast.
A compradora da Shop Tour foi a Rede Novo Tempo, grupo de comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia. "Até fiquei chateado no início, mas eu fiquei feliz com o que fizeram". Após selar o contrato, Galebe decidiu mudar-se com a família para os Estados Unidos.
Vim aqui para terminar a educação dos meus filhos, porque estava ficando complicado. Minha filha estava fazendo 13 anos, o outro 11, o outro 10, e já estava começando aquela festinha para todo lado, e vi que a violência já estava aumentando muito.
Galebe, em entrevista ao Made In USA Podcast, em 2022
No novo país, o apresentador começou um novo negócio, o Laser King. O empreendimento seria especializado em remoção de ferrugem e sujeira pesada a laser. No entanto, durante participação no podcast Futurum Talks, ele explicou que a divulgação do empreendimento era uma estratégia de marketing para o lançamento do aplicativo da Shop Tour.
Eu não queria que ninguém soubesse que eu estou reeditando o Shop Tour. Então fiz a Lazer King, que é uma empresa de mentira, que tira ferrugem com laser. Queria desfocar para as pessoas falarem: 'ih o Galebe desistiu, está com outro business', para poder fazer surpresa com o novo Shop Tour. Porque todo mundo gosta de imitar boas ideias. E a ideia que eu tive é fantástica.
Galebe, em entrevista ao Futurum Talks em outubro de 2023
No final do ano passado, ele esteve no 7º Congresso Latino-Americano sobre Light Steel Frame e Sistemas Industrializados, que ocorreu em São Paulo.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.