CGU retira o INSS da investigação de fraude contra aposentados

A CGU (Controladoria-Geral da União) retirou o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) da condução das investigações contra 12 entidades suspeitas de desviar dinheiro de aposentados e pensionistas.

O que aconteceu

A partir de agora, as investigações ficam apenas sob responsabilidade da Controladoria. Os indícios de envolvimento de servidores do INSS no esquema é o principal motivo para a decisão.

A CGU enviou um ofício ao INSS. A mudança, diz em nota, "afigura-se como a medida mais apropriada, de modo a garantir a uniformidade, harmonia e coesão do Sistema de Correição do Poder Executivo Federal", diz o documento.

O ofício afirma que a mudança partiu da Secretaria de Integridade Privada. Ela verificou a "necessidade de atuação excepcional deste órgão central [CGU], tendo em vista a repercussão e relevância da matéria".

A Controladoria também determinou que o INSS compartilhe as provas já coletadas. A CGU exigiu ainda que quaisquer procedimentos já tomados sobre o caso sejam entregues a ela.

Ontem (5), o INSS havia regulamentado sua participação na apuração. O corregedor-geral substituto do INSS, José Alberto de Medeiros Landim, assinou portarias autorizando a inclusão do instituto nas investigações.

Desvio de até R$ 6,3 bi

No dia 23 de abril, a Polícia Federal e a CGU deflagraram a Operação Sem Desconto. A ação revelou um esquema que desviou até R$ 6,3 bilhões de aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024.

Foram identificados "descontos associativos" não autorizados em aposentadorias e pensões. Os valores são repassados mensalmente a entidades representantes de aposentados e pensionistas.

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Os descontos chamaram a atenção porque aumentaram muitos nos últimos anos:

  1. 2016: R$ 413 milhões
  2. 2017: R$ 460 milhões
  3. 2018: R$ 617 milhões
  4. 2019: R$ 604 milhões
  5. 2020: R$ 510 milhões
  6. 2021: R$ 536 milhões
  7. 2022: R$ 706 milhões
  8. 2023: R$ 1,2 bilhão
  9. 2024: R$ 2,8 bilhões

As reclamações também aumentaram. De janeiro de 2023 a maio de 2024, o INSS recebeu 1,163 milhão de pedidos de cancelamento de cobranças.

A operação afastou um policial federal e servidores do INSS, incluindo seu ex-presidente, Alessandro Stefanutto.

Ressarcimento

O governo Lula estuda usar dinheiro do Orçamento para devolver os valores descontados. A ideia é que o Executivo arque com as despesas e busque o ressarcimento com as entidades suspeitas, informa reportagem da Folha de S.Paulo.

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A proposta preliminar é realizar ressarcimento único. Os critérios para a definição da fila, como data de nascimento, ainda são discutidos. A restituição dependerá da comprovação de que o desconto foi feito sem autorização, o que não será fácil porque os beneficiários podem alegar que foram induzidos a erro.

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