China e EUA vão negociar 'tarifaço' em meio a temores de guerra comercial

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, se reunirão em Genebra, na Suíça. Os encontros, a serem realizados no próximo final de semana, marcam o início das negociações comerciais entre os países após o presidente norte-americano, Donald Trump, colocar o país asiático como principal alvo do "tarifaço".

O que aconteceu

China e EUA vão conversar em meio a temores de guerra comercial. O encontro entre os representantes das duas maiores economias do mundo tem o objetivo de selar um acordo e diminuir as tensões ampliadas por Donald Trump.

Espero ter conversas produtivas enquanto trabalhamos para reequilibrar o sistema econômico mundial e servir melhor aos interesses dos EUA
Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, em comunicado

Negociações entre os dois países foram iniciadas a pedido dos EUA. Ao fazer a revelação, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim, Lin Jian, descarta que Pequim vai se curvar. "Qualquer diálogo deve ser baseado na equidade, respeito e benefício mútuo. Qualquer pressão ou coerção não funcionará com a China", disse.

Presidente dos EUA afirma que a China "sofre muito" com os entraves. Em declaração no Salão Oval ontem, Trump declarou que um encontro com os asiáticos acontecerá no momento adequado. "[A China] não está fazendo negócios agora", disse ele. "A economia da China está sofrendo muito com a falta de comércio com os EUA", avaliou.

Governo chinês avalia que "tarifaço" de Donald Trump "vai virar piada". Na última retaliação às cobranças dos EUA, o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Lin Jian, afirmou que Pequim iria ignorar novos aumentos tarifários. Ele disse que a ofensiva "tornou-se nada mais do que um jogo de números, sem real significado econômico".

Secretário do Tesouro dos EUA vê disputa comercial como "insustentável". Ao confirmar o encontro na Suíça em entrevista ao canal Fox News, Bessent admitiu que as tarifas impostas pelos dois países são equivalentes a "um embargo" comercial. "Não queremos nos desconectar. O que queremos é um comércio justo", ressaltou.

Trump impôs tarifa de 145% sobre a importação de produtos chineses. A cobrança foi escalada após o governo da China optar pela retaliação ao "tarifaço" e elevar para 125% as tarifas de importações originadas nos Estados Unidos. O percentual total também inclui taxas adicionais para alguns setores específicos.

Efeitos do "tarifaço"

Guerra tarifária afeta o comércio das duas principais economias do mundo. A diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Ngozi Okonjo-Iweala, apresentou projeções ao destacar que a escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China pode reduzir em até 80% o comércio de mercadorias entre as duas nações.

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Cenário negativo tende a contaminar outras economias, afirma Okonjo-Iweala. Para a diretora-geral da OMC, os principais prejuízos vão recair sobre as nações menos desenvolvidas. "A divisão da economia global em dois blocos poderia levar a uma redução de longo prazo do PIB real global em quase 7%", ressaltou ela ao observar a troca de farpas como "uma ameaça imediata e urgente".

China exportou mais de US$ 500 bilhões para os EUA no ano passado. Por outro lado, o volume importado de produtos norte-americanos totalizou US$ 143,5 bilhões no período. Produtos agrícolas, petróleo e gás, farmacêuticos e semicondutores estão entre os principais envolvidos na balança comercial entre os dois países. Como as exportações determinantes para o avanço da economia, a China diz não estar disposta a equilibrar a disparidade.

Limitações determinadas pelos EUA afetam o setor de tecnologia. As empresas do ramo tendem a ser amplamente impactadas pelas decisões de Trump. Em um dos decretos, foram determinadas novas exigências para a venda dos chips H20, carro-chefe da Nvidia, para a China. Com a imposição, a gigante passou a prever um prejuízo de US$ 5,5 bilhões neste trimestre. A Casa Branca teme que o modelo usado em ferramentas de inteligência artificial equipe supercomputadores chineses.

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