Banco Master é problema do Banco Central, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou hoje em entrevista ao Canal UOL que os problemas enfrentados pelo Banco Master são de responsabilidade do Banco Central, e não do sistema bancário.

O que aconteceu

O CEO do Itaú, Milton Maluhy, disse recentemente que os riscos de liquidez enfrentados pelo Master devem ser discutidos pelo BC. Questionado a respeito, Haddad concordou com a tese de Maluhy de que os problemas do Master não se devem a disfunções no sistema bancário. "Isso é um assunto do Banco Central, exclusivo do Banco Central. Depois, ele vai dar a público tudo, mas enquanto as coisas estão sendo processadas, é um assunto dele", afirmou o ministro. "A quantidade de alertas que foram dados em relação a esse episódio não são de hoje e não foram poucos."

O mercado financeiro está atento à proposta de compra de 58% do capital total do Master pelo BRB (Banco Regional de Brasília). A operação aguarda a aprovação do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Recentemente, o Master tentou uma emissão de títulos em dólares, mas não conseguiu captar recursos. Operações do banco com precatórios, títulos de dívidas de governos com sentença judicial definitiva também aumentaram dúvidas sobre a situação financeira da instituição.

Para Haddad, o Banco Central tem autoridade para cuidar do caso. "O Brasil ainda tem instituições de Estado que funcionam como tais e que precisam ser fortalecidas. Isso vale para a Controladoria [Geral da União], vale para a Advocacia-Geral [da União], vale para a Polícia Federal e vale para o Banco Central também", disse.

O negócio é polêmico porque o Banco Master tem uma política agressiva para captar recursos. A instituição oferece rendimentos de até 140% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) a quem compra papéis da instituição financeira, bastante superiores às taxas médias para bancos pequenos, em torno de 110% a 120% do CDI.

Sobre o sistema bancário em geral, Haddad defendeu sua desconcentração. "Quanto mais concorrência, melhor a robustez regulatória", afirmou. "É altamente positivo você criar um marketplace de crédito no Brasil (...) Você aumentar a transparência dos dados, permitir a concorrência dos bancos pela sua conta, pelo seu empréstimo e tudo mais."

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