Bolsa passa de 140 mil pontos, e dólar cai após falas de Galípolo

A Bolsa de Valores de São Paulo bateu novo recorde de pontos nesta segunda-feira (19). Por volta de 13h, o principal índice da B3, o Ibovespa, chegou a 140.022,15 pontos, com alta de 0,60%. O dólar, que vinha apresentando alta na abertura dos negócios, reverteu o sinal depois que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deu a entender ao mercado que o ciclo de alta de juros já está no final, em palestra no Annual Brazil Macro Conference, promovido pelo Banco Goldman Sachs.

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O que está acontecendo

Por volta de 14h10, o Ibovespa tinha alta de 0,65%, a 140.092 pontos. Esse é um recorde intraday, ou seja, durante o pregão.

O dólar comercial caía 0,50%, para R$ 5,640.

Falas de Galípolo estão no centro das atenções. O presidente do BC disse no final da manhã que, diante do atual cenário de incertezas e expectativas desancoradas, faz sentido manter a taxa básica de juros em um patamar restritivo por um período mais prolongado do que o habitual.

Faz sentido manter os juros nesse patamar por mais tempo.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central

Para investidores, isso sinalizou que, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), não haverá nova alta de juros. Para a Bolsa, os juros são prejudiciais, pois afetam as finanças da empresas. No entanto, ao indicar que o ciclo de altas, iniciado em novembro do ano passado, pode ter chegado ao fim, os investidores acreditam que é uma boa hora para comprar ações em um valor baixo.

Se, depois da pausa nas altas, houver cortes, as ações tendem a se valorizar. Com juros menores, as empresas endividadas melhoram seus balanços, as que dependem de crédito para crescer têm melhores condições de empréstimos e os consumidores também compram mais.

O real se valoriza em relação ao dólar por conta dos juros e também por conta do cenário internacional. Com os juros altos, mais investidores trazem a moeda americana ao Brasil para aproveitar o rendimento.

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No exterior, o que influencia é o rebaixamento da nota de crédito dos EUA. A agência de classificação de risco Moody's cortou o rating soberano da maior economia do mundo de 'Aaa' para 'Aa1'.

O motivo principal foi a incapacidade para conter a dívida federal ao longo de mais de uma década. A questão fiscal dos Estados Unidos já era preocupante antes mesmo das eleições. Com os novos gastos do presidente dos EUA, Donald Trump, com segurança de fronteiras e armamentos, a dívida americana atingiu um novo recorde de US$ 324,3 trilhões no primeiro trimestre de 2025, com aumento de US$ 11,3 trilhões em relação ao mesmo período do ano passado.

"Até este ano, quando aconteciam crises, o investidor corria para o dólar, como um ativo de segurança, mesmo que o problema que tivesse causado o estresse viesse dos EUA. Mas a partir de 2025, isso mudou: o dólar deixou de ser esse porto seguro", explica André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferência internacional Remessa Online. Por isso, a moeda perde valor para outras divisas, como o Euro.

Também acontece uma nova valorização do ouro. O metal recupera parte das perdas da semana passada com a redução das tarifas comerciais entre os EUA e a China. O ouro subia no horário 0,92% para US$ 3.233 a onça (31,10 gramas).

Gripe aviária

Casos de gripe aviária também aparecem no radar. A confirmação da influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) resultou na suspensão das exportações da carne de frango para a China, União Europeia, Argentina, Uruguai, Chile, México. Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Filipinas vão restringir a exportações aos produtos do Rio Grande do Sul.

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Com vários países cortando as importações de frangos do Brasil, a previsão é que entrem menos dólares no país nos próximos meses. Isso provocou a valorização do real na primeira metade do dia. Mas esse efeito perdeu força depois das falas de Galípolo.

Restrições decorrentes da gripe devem afetar os preços ao consumidor. Com as exportações limitadas, as estimativas de queda nos preços do frango e dos ovos no curto prazo. O cenário deve impactar outros alimentos. "Também pode haver impacto sobre o preço dos grãos, matéria-prima na produção de frangos e ovos", diz Leonardo Costa, economista do ASA.

China suspendeu a habilitação de 51 frigoríficos. A determinação atinge os gigantes JBS, BRF e Seara. Pesa ainda a investigação de um novo caso da gripe aviária em outra granja no Rio Grande do Sul. "O mundo está vivendo em crise de gripe aviária e o Brasil era um dos grandes produtores ainda isolado do vírus", observa Costa, que prevê um impacto ainda incerto da situação.

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