Frango não deve baratear com gripe aviária; ministro quer fundo de socorro

Apesar da redução nas exportações brasileiras de frango após foco de gripe aviária no Brasil, o preço da carne da ave não deve cair no mercado interno, afirmou hoje o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em coletiva de imprensa. Ele defendeu a criação de um fundo nacional para indenizar criadores de aves.

O que aconteceu

Preços não devem baixar. "A experiência adquirida [mostra que] os preços não baixaram tanto", afirmou o ministro. O principal motivo é o volume que deixará de ser exportado. "Não vai ficar tão grande a restrição. É possível que depois dos 28 dias [até o fim do foco, a venda] volte gradativamente à normalidade."

Segundo Fávaro, a maior parte da produção de frango é vendida no Brasil. "70% da produção já fica no mercado interno. São 30% se fechasse [a exportação] pra todo mundo. Não há um impacto tão grande", disse o ministro que aposta em "algumas ofertas, de 10, 15 dias, mas acredito muito mais na estabilidade [de preço]".

O impacto não será tão relevante nem pra cima nem pra baixo.
Carlos Fávaro, ministro

O preço dos ovos também não deve mudar. "O grande comprador [do ovo brasileiro] são os EUA, que anunciaram que não vai fechar [seu mercado]", disse o ministro.

Fundo nacional

O ministro também defendeu a criação de um fundo nacional de socorro ao produtor de aves. "Seria composto com recursos públicos e privados, saindo centavos do produtor, para indenizar casos como esses", disse. "Eu defendo [a criação de] um um fundo nacional. Que o Congresso Nacional aprove e defendo a sanção presidencial."

Fávaro descartou a intenção de pedir dinheiro ao Ministério da Fazenda para conter a crise. "Neste momento, não há necessidade de reforço orçamentário. O que vamos discutir [aumento orçamentário], talvez, são para as outras emergências sanitárias: uma de cacau, outro em mandioca e a da mosca da carambola", disse.

Talvez com as quatro emergências [incluindo a aviária] (...) possamos pedir um reforço orçamentário não muito grande.
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura

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Brasil exporta para 165 países

Dos 165 países para quem o Brasil exporta carne de frango, 17 interromperam a compra em todo o território. Sete países comunicaram recentemente:

  1. México
  2. Coreia do Sul
  3. Chile
  4. Canadá
  5. Uruguai
  6. Malásia
  7. Argentina

Outros nove países e a União Europeia (com 27 nações) também deixaram de comercializar com granjas de todo o Brasil. Ao contrário dos sete países anteriores, estes têm uma cláusula contratual com o Brasil que interrompe imediatamente o fornecimento de carne de qualquer região em caso de crise sanitária:

  1. China
  2. União Europeia
  3. África do sul
  4. Rússia
  5. Peru
  6. República Dominicana
  7. Bolívia
  8. Marrocos
  9. Paquistão
  10. Siri Lanka

O ministro afirmou que costura acordos para que as restrições sejam apenas regionais. A ideia é que os novos acordos comerciais restrinjam as exportações apenas onde houver foco da doença. O Japão, por exemplo, só deixou de comprar frango produzido na região afetada. "Buscamos revisar os protocolos para regionalização [das restrições]", afirmou Fávaro. "Quando a gente conseguir mostrar a força do sistema brasileiro, que não sairá da região de foco, será um ativo para propor a regionalização aos países que ainda não regionalizaram."

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Casos em investigação

O ministério investiga outros casos suspeitos de gripe aviária. Duas são granjas comerciais: uma em Aguiarnópolis, no Tocantins, e outra em Ipumirim, em Santa Catarina. Outras quatro suspeitas ocorrem em produções familiares de subsistência no Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Sergipe.

Cerca de 5% das suspeitas se confirmaram. Desde a chegada do vírus no Brasil, em maio de 2023, foram registrados 168 casos das 3.945 suspeitas, segundo o ministério:

  • 1 foco de gripe aviária em granja comercial;
  • 3 casos em criação doméstica;
  • 164 em aves silvestres.

Gripe acaba em 28 dias

O foco de gripe aviária deve acabar em meados de junho. O ministério estima 28 dias para concluir todas as medidas do plano de contenção da gripe, iniciado já na última quinta-feira (15), quando o governo confirmou o primeiro caso brasileiro de gripe aviária em uma granja comercial, em Montenegro, Rio Grande do Sul.

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Após a identificação do caso, a propriedade foi isolada. Depois de abater os animais, o governo decretou emergência sanitária por 60 dias e acionou o plano de contingência.

Os 28 dias passam a contar após todas medidas do plano de contingência executadas e debelada a doença.
Ministério da Agricultura e Pecuária

Os 28 dias também correspondem ao clico do vírus causador da gripe, o H5N1. Só depois desse período, e sem o registro de novos casos, o país voltará a exportar frango.

A retomada plena das exportações vai demorar um pouco mais. O ministério espera que, ao final do foco de gripe aviária, os países importadores retomarão as compras paulatinamente. As granjas em Montenegro, no entanto, devem esperar mais tempo para voltar a exportar.

Além do surto em Montenegro, a gripe aviária matou cisnes no zoológico de Sapucaia do Sul, no mesmo estado.

Humanos em risco?

Essa gripe aviária não oferece risco aos humanos. O consumo de carnes e ovos pode ser feito normalmente. Também não há estudos que comprovem que os trabalhadores do ramo que tiveram contato com as aves contaminadas possam transmitir a doença para outras pessoas.

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O caso de gripe aviária registrado agora é o primeiro na avicultura comercial no Brasil. A circulação do vírus ocorre desde 2006, principalmente na Ásia, na África e no norte da Europa, diz o ministério.

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