Amanda Klein: Lula acelera e BC freia; resultado é dose cavalar de juros
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O governo Lula acelera com uma estimativa de alta no PIB para este ano, enquanto o Banco Central mantém o pé no freio, sinalizando juros altos por mais tempo — o resultado, segundo Amanda Klein no Mercado Aberto de hoje, é uma dose cavalar de juros.
No mesmo dia em que o Banco Central apontou que os juros serão mantidos em um patamar elevado por um tempo maior do que usual, o governo federal, por meio do Ministério da Fazenda, atualizou para cima a projeção de PIB para este ano, de 2,3% para 2,4%.
Parece um pouco contraditório, como uma economia com essa dose cavalar de juros cresce acima do esperado. Mas ilustra bem o atual cenário. Lógico que a economia está desacelerando em relação aos últimos anos em que rodou acima dos 3%, mas ainda assim, convenhamos, é um crescimento muito robusto, de 2,4%.
Nessa briga em que o governo põe o pé no acelerador e o Banco Central no freio, o resultado é essa dose cavalar de juros que vivemos hoje.
Amanda Klein
O descompasso entre governo e Banco Central acontece em cenário de incertezas na economia global, agravado pelos tarifaços de Donald Trump, que derrubaram as projeções de crescimento mundial.
E isso num cenário de tarifaço e incertezas no qual o resto do mundo está revendo para baixo a expectativa de crescimento. Vide União Europeia e Estados Unidos. O IBC-Br do primeiro trimestre, considerado a prévia do PIB, confirma a expectativa do governo federal.
A alta de 1,3% veio acima do que previam os analistas. Além da agropecuária, a expansão se espraiou para a indústria, por exemplo. Aí tem efeito do crédito do BNDES, aumento da indústria extrativa de petróleo e a renda das famílias.
Amanda Klein
Klein citou a análise do economista Márcio Holland, da FGV, que aponta os fatores por trás do bom desempenho recente da economia. Em seguida, destacou a avaliação do secretário Guilherme Mello, que projeta uma desaceleração no segundo semestre diante dos efeitos dos juros altos.
Segundo Márcio Holland, professor de economia da FGV, em parte o que explica o bom desempenho da economia é o impacto pelo canal de crédito com o consignado para o setor privado e a manutenção das elevadas transferências de renda para as famílias, que jogam contra o ciclo de aperto monetário. É aquela mãozinha que o governo dá para empurrar a economia, apesar do Banco Central.
Guilherme Mello, secretário de Política Econômica da Fazenda, espera que a economia desacelere na segunda metade do ano. Em entrevista coletiva ontem, ele disse que os juros estão em um patamar elevado e já estão fazendo efeito pelo canal de crédito, com queda na concessão de empréstimos, aumento do custo e comprometimento maior da renda das famílias.
Pode até ser, mas como esse canal de crédito tem várias rotas de escape, seja com juros subsidiados para alguns ou taxas menores para outros, e ainda os benefícios fiscais, a Selic, mesmo num patamar altíssimo, leva mais tempo para fazer efeito.
Amanda Klein
O Mercado Aberto vai ao ar de segunda a sexta-feira no UOL às 8h, com apresentação de Amanda Klein, antecipando os principais movimentos do mercado financeiro.
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