Bolsa fecha acima dos 140 mil pontos pela 1ª vez na história e dólar sobe

Pela primeira vez na história, a Bolsa de Valores ultrapassou hoje o patamar de 140 mil pontos. Já o dólar fechou o dia com leve alta de 0,26%, vendido a R$ 5,669.

No curto prazo, a tendência é de que o Ibovespa, principal índice acionário local, siga em alta devido à perspectiva de que os juros no Brasil vão se manter por um longo tempo no atual patamar de 14,75% ao ano, o mais alto desde 2006. O dólar comercial, que vem em queda nas últimas duas semanas, também deve continuar em baixa.

O que aconteceu

Pela primeira vez na história, a Bolsa de Valores ultrapassou o patamar de 140 mil pontos. Depois do recorde da véspera (139.636 pontos), o índice fechou a terça-feira (20) atingindo o patamar de 140.109, alta de 0,34% em relação a ontem. O volume financeiro somou R$ 21,36 bilhões antes dos ajustes finais.

A entrada de capital estrangeiro garantiu a alta. Segundo analistas, investidores internacionais já representam mais da metade das negociações no mercado de ações à vista. Parte desse dinheiro está sendo redirecionado dos Estados Unidos em razão das altas tarifas de importação impostas pelo presidente americano Donald Trump.

Dólar comercial oscilou pouco ao longo do dia. O turismo avançou 0,35%, vendido a R$ 5,889.

Desde 7 de maio, o Ibovespa acumula alta de 4,94% e o dólar comercial, queda de 0,72%. Esse movimento é explicado, em grande parte, pela aposta de que a Selic continuará no atual patamar por algum tempo. No último dia 7, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) elevou a taxa básica de juros da economia, que estava em 14,25% ao ano, em 0,5 ponto percentual. O objetivo é controlar a inflação. Embora o BC tenha deixado em aberto as suas próximas ações, a sensação dos investidores era de que no máximo haveria mais uma elevação de 0,25 ponto percentual antes de a autoridade monetária encerrar o ciclo atual de aumentos. Ontem, o presidente do banco, Gabriel Galípolo, referendou essa percepção ao dizer que faz sentido manter os juros mais altos por mais tempo.

Com os juros altos, grandes investidores internacionais migram seus recursos para aplicações de renda fixa no Brasil. Ao entrar no mercado nacional, são obrigados a trocar os dólares pelo real, o que faz a moeda americana se desvalorizar.

Juros altos são negativos para as Bolsas de Valores em geral, que ficam menos atrativas em relação à renda fixa. Mas a sinalização de Galípolo de que não haverá novos aumentos da Selic dá um alívio aos investidores de renda variável, que podem refazer sua estratégia com mais previsibilidade.

Estrangeiros têm investido bastante na Bolsa brasileira este ano. Um levantamento do banco americano JP Morgan divulgado hoje mostra que o fluxo de capital estrangeiro na B3 é atípico, com R$ 20,8 bilhões ingressando desde 17 de abril — o melhor desempenho no acumulado do ano desde 2023. Os investidores estão deixando mercados asiáticos, como a China, e migrando em massa para a América Latina, diz o JP, por causa da guerra comercial com os Estados Unidos.

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