Viagens, compras no exterior, previdência: veja o que muda com alta do IOF

Viagens e compras no exterior, empréstimos, previdência e crédito para empresas ficarão mais caros com o aumento de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) decretado pelo governo. As novas taxas já estão em vigor. Veja abaixo o que muda.

Cartão de crédito e compra de dólar

Cartões de crédito, débito e pré-pagos internacionais e cheques de viagem: As alíquotas sobem de 3,38% para 3,5%.

Compra de dólar, euro e outras moedas em espécie: Taxa sobe de 1,1% para 3,5%.

Outras operações não especificadas de câmbio: O IOF sobe de 0,38% para 3,5% na saída de recursos. Na entrada, permanece em 0,38%.

Nada muda para compras em sites internacionais, como Shein e AliExpress. Foi o que explicou o governo em coletiva de imprensa ontem. Mas, se a compra for paga com cartão de crédito internacional, incidirá IOF de 3,5% (mais que os 3,38% cobrados antes).

Não estamos alterando nada em relação à compra internacional, até porque muitos sites permitem o pagamento em reais, em moeda brasileira. Se você pagar com cartão internacional, já havia essa tributação do IOF
Robinson Barreirinhas, secretário especial da Receita Federal

Empréstimos e previdência privada

Empréstimo externo de curto prazo: A operação, que era isenta de IOF, agora passa a pagar 3,5%. A mudança vale apenas para operações com prazo inferior a um ano que envolvam tomadas de empréstimos feitas do Brasil no exterior.

Planos de previdência do tipo VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): Antes isentas de IOF, essas operações pagarão 5% para aportes acima de R$ 50 mil por mês. Segundo o Ministério da Fazenda, "a medida corrige distorção em situações de plano de seguro de vida utilizado, na prática, como investimento de baixíssima tributação para contribuintes de altíssima renda".

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Crédito para empresas

Alíquota de IOF sobe de 1,88% para 3,95%. O objetivo, de acordo com a Fazenda, é dar a empresas e pessoas físicas tratamento semelhante. "Até então, as pessoas jurídicas estavam sujeitas a alíquotas diárias significativamente inferiores às das pessoas físicas, o que acarretava distorções concorrenciais e comprometia a isonomia do sistema tributário", diz a pasta.

Taxa do Simples Nacional é menor. Para essas empresas, a alíquota subiu de 0,88% para 1,95% ao ano em operações de até R$ 30 mil. Quem é MEI (Microempreendedor Individual) terá direito a condições específicas.

Cooperativas de crédito de grande porte passam a pagar IOF. Aquelas com operações acima de R$ 100 milhões ao ano terão alíquota anual de 3,95%. As demais seguem com IOF zero. O objetivo é "equiparar cooperativas de grande porte às demais empresas".

Investimentos

Governo chegou a aumentar o IOF para investimentos, mas voltou atrás. A alíquota sobre remessas para o exterior para investimento foi de 0,38% para 3,5%, mas o governo recuou para 1,1%. Com isso, o governo vai precisar resgatar R$ 1,4 bilhão de dois fundos para compensar a medida, como mostrou a agência Reuters.

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Remessas que não têm objetivo de investimento ficam com alíquota de 3,5%. Serviços como o da Wise, que ofereciam alternativas para fazer compras no exterior pagando 1,1% de IOF, passam a pagar 3,5%. Em nota, a Wise disse que atualizou suas tarifas para refletir a mudança imposta pelo governo.

Transferências relativas a aplicações de fundos no exterior também não mudam. O governo chegou a anunciar cobrança de 3,5%, mas voltou atrás e manteve a operação isenta de IOF.

Recuo do governo

O aumento das alíquotas de IOF vai ajudar a fechar as contas do governo no ano. O objetivo das medidas é aumentar a arrecadação em R$ 20,5 bilhões em 2025 e em R$ 41 bilhões em 2026, conforme estimativas da Fazenda.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que recuou sobre a cobrança de IOF em transferências para investimentos de fundos no exterior para evitar especulações de mercado. Depois do anúncio do aumento, ontem, o ministério recebeu mensagens de pessoas que operam nos mercados, "salientando que aquilo poderia carregar um tipo de problema e passar uma mensagem que não era desejada pelo ministro", disse Haddad.

Vamos continuar abertos ao diálogo sem nenhum tipo de problema e contamos com a colaboração dos parceiros tradicionais nossos para ir corrigindo a rota.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

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