Gripe: exportadores redirecionam carne de aves a outros países, diz ABPA

A indústria aviária está adotando estratégias para dar fluxo à exportação de carnes de aves, procurando outros mercados. Isso porque, mesmo com queda nas exportações da carne de frango, a baixa não foi proporcional à suspensão das vendas por diversos países, como consequência da gripe aviária. O entendimento é do presidente da ABPA (Associação Brasileira da Proteína Animal), Ricardo Santin.

O que aconteceu

Queda ocorreu dentro do projetado por setor. Ricardo Santin, presidente da ABPA, relaciona a queda nas exportações às suspensões de compra de carne de frango por outros países. Mesmo com as restrições, 393,4 mil toneladas de carne de frango foram exportadas em maio deste ano, enquanto no mesmo período do ano passado foram com 451,6 mil toneladas.

O impacto, até aqui, foi proporcionalmente menor em relação à relevância no histórico de importações dos países com suspensões aplicadas. Esse é um indicativo de que o redirecionamento de cargas está ocorrendo como forma de manter o fluxo dos embarques no mercado internacional
Ricardo Santin, presidente da ABPA

Produtos estão sendo redirecionados inclusive para o mercado interno. Porém, isso não significa necessariamente uma oferta maior de carne de frango nas gôndolas do supermercado, observou Santin ao UOL Economia na última terça-feira (3). As aves podem ir para processamento - quando se elimina partes como sangue e vísceras, evitando contaminação - e a carne pode ser congelada. Já as partes que não tem consumo direto - como pés de frango - podem se tornar farinha e ser utilizada como insumo na produção de ração animal.

Exportação da carne de aves caiu 12,9% em maio deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. De US$ 751,89 milhões, registrado em maio de 2024, baixou para US$ 654,66 milhões em maio deste ano. O dado informado ontem pelo governo não específica quanto deste montante é carne de frango.

Carnes de aves são responsáveis por 2,17% de todas as exportações.

Diminuição das exportações pode ter relação com gripe aviária. Herlon Brandão, diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Herlon Brandão, observa que as exportações da carne de frango vinham crescendo ao longo dos meses e, no acumulado do ano, o volume exportado teve aumento de 4,1%. "Basicamente a redução da exportação de carne de aves em maio é explicada sim pela restrição à exportação brasileira por conta da ocorrência da gripe aviária", disse em coletiva de imprensa hoje.

Porém, no acumulado do ano, o volume exportado e a receita registrada superaram o mesmo período do ano passado, segundo a ABPA. Entre janeiro a maio deste ano, o volume exportado chegou a 2,256 milhões de toneladas, número 4,8% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 2,152 milhões de toneladas. Já a receita registrada nos cinco primeiros meses deste ano chegou a US$ 4,234 bilhões, saldo 10,18% superior ao alcançado no mesmo período de 2024, com US$ 3,842 bilhões. Os dados são da ABPA.

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Atualmente, 48 países mantêm a suspensão total das exportações de carne de aves do Brasil. Outros 16 limitam a restrição ao estado do Rio Grande do Sul e quatro adotam a restrição somente ao município de Montenegro (RS).

Doze investigações de casos suspeitos estão em andamento no país. Três delas são registradas no Pará (em Castanhal, em, Rurópolis e Itaituba), duas em Minas Gerais (em Novo Cruzeiro e em Santo Antônio do Monte), e outras duas no Rio Grande do Sul (em Westfalia e Capela de Santana). Há outras cinco investigações em andamento nos estados da Bahia (em Itajuípe), no Amazonas (Lábrea), no Amapá (Macapá), Rio de Janeiro (Angra dos Reis) e São Paulo (Santos)

Maior parte desses casos suspeitos envolve aves domésticas. Oito casos suspeitos envolvem aves domésticas e outros quatro, aves silvestres

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