Dólar cai a R$ 5,48 e Bolsa sobe com guerra no Oriente Médio e IOF

O dólar fechou o dia caindo 1,03% nesta segunda-feira, cotado a R$ 5,486, enquanto a Bolsa de Valores no Brasil subiu 1,65%. O resultado é atribuído por especialistas à expectativa sobre a guerra no Oriente Médio e, no Brasil, à tramitação das medidas para compensar o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O que aconteceu

Dólar comercial ficou abaixo de R$ 5,50 pela primeira vez desde outubro do ano passado. A variação negativa da moeda norte-americana ante o real ocorreu desde os primeiros negócios do dia.

Valor da divisa para viajantes também caiu. O dólar turismo acompanhou o movimento do dólar comercial e recuou 0,90%, comprada por R$ 5,524 e vendida por R$ 5,704.

Bolsa de Valores disparou. Às 14h41, o Ibovespa chegou a subir 1,77%, mas fechou o dia com alta de 1,49%, atingindo 139.255,91 pontos. "A valorização de commodities, como petróleo e minério de ferro, sustenta esse movimento, mas o cenário ainda inspira cautela", diz Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos.

A recuperação do Ibovespa para a faixa dos 139 mil pontos acompanha o otimismo externo, mas o mercado brasileiro ainda opera sob forte volatilidade.
Pedro Ros, CEO da Referência Capital

Petrolíferas impedem salto maior do Ibovespa. As ações preferenciais (PETR4) recuaram 0,24%, a R$ 32,29.

Conflitos no Oriente Médio

Guerra entre Israel e Irã segue no radar. A ofensiva militar entra na lista de preocupações do mercado financeiro desde o fim da semana passada.

Irã pede ajuda de países do Golfo Pérsico por cessar-fogo. Teerã pediu para que Catar, Arábia Saudita e Omã pressionarem o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por um cessar-fogo imediato, segundo a agência de notícia Reuters. Em troca, o Irã se compromete a flexibilizar as negociações nucleares.

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Cotação do barril de petróleo recua
Cotação do barril de petróleo recua Imagem: Dado Ruvic/Reuters

Preço do barril de petróleo cai mais de 1%. Após saltar 9% nos últimos dois dias, de US$ 69,36 para US$ 75,61, o preço do barril de 159 litros do Brent, referência internacional para o combustível, recuava 1,43% às 17h14, cotado a R$ 72,81.

Eventual bloqueio ao Estreito de Ormuz preocupa. Um dos principais temores em meio aos bombardeios envolve a possibilidade de o Irã interromper ou limitar a passagem utilizada para o trânsito de petróleo. "Acredito que eles [Irã] não vão fazer isso [bloquear o Estreito de Ormuz], porque traria os Estados Unidos para o conflito", avalia Alison Correia, analista da Dom Investimentos.

MP do IOF

Câmara deve votar urgência de projeto de compensação à alta do IOF. O presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) pautou para hoje (16) a votação de um requerimento de urgência para projeto de decreto legislativo que derrubaria os efeitos do decreto do governo que estabeleceu aumento do Imposto sobre Operações Financeiras.

Motta afirmou que o Congresso está insatisfeito com as medidas. "O clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais", escreveu o presidente da Câmara no X. A manifestação surgiu mesmo após Motta participar das discussões que resultaram na edição da MP (Medida Provisória) para compensar a alta do IOF com a tributação de aplicações financeiras, das casas de aposta e na distribuição de dividendos.

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Urgência reduz o trâmite da proposta apresentada pelo governo. Caso seja aprovada em meio à iniciativa de Motta, o texto poderá ser votado diretamente em plenário, sem passar por comissões. Com a derrubada integral do projeto, voltam a valer as regras de tributação do IOF anteriores à Medida Provisória. As propostas do governo têm o objetivo de zerar o déficit público neste ano e atingir um superávit primário em 2026.

Juros

Definições dos juros geram apreensão. Os Bancos Centrais do Brasil e dos Estados Unidos definem na quarta-feira o novo patamar de suas respectivas taxas de juros. Ainda que os analistas apontem para a manutenção por parte dos dois colegiados, tal cenário representará o fim do ciclo de alta que levou a taxa Selic ao maior patamar desde 2006.

Mercado prevê inflação menor neste ano. A expectativa de manutenção da taxa Selic em 14,75% ao ano está alinhada ao corte das projeções de alta para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) pela terceira semana consecutiva. A nova estimativa aponta que o índice oficial de inflação será de 5,25% nos 12 meses acumulados até dezembro.

Atividade econômica cresceu 0,2% em abril. A constatação foi revelada pelo IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), indicador do Banco Central para a "prévia do PIB". O desempenho positivo levou a atividade econômica ao maior patamar da série histórica, iniciada em janeiro de 2003. O recorde surge mesmo diante do cenário de juros no maior nível em quase 20 anos.

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