Brasil chega a 98 leões em Cannes; GPs são polêmicas
Renato Pezzotti
Colaboração para o UOL, em Piracicaba (SP)
20/06/2025 08h28Atualizada em 23/06/2025 09h57
O texto dessa newsletter foi atualizada com a inclusão de mais um Grand Prix e mais uma leão de Prata para o Brasil, divulgados pela organização do festival apenas na manhã de sexta-feira (20)
As agências brasileiras já conquistaram 98 leões no Cannes Lions deste ano. Foram 5 Grand Prix (recorde brasileiro na história do prêmio), 17 Ouros, 34 Pratas e 42 Bronzes.
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Hoje ainda serão anunciados os vencedores em Titanium, Film, Glass e Sustainable Development Goals. 'Pedigree Caramelo', da AlmapBBDO, que já ganhou 3 troféus, concorre em Titanium; 8 produções brasileiras disputam em Film e 4 campanhas nacionais estão entre as finalistas em Glass.
Independente dos resultados de hoje, essa é a melhor performance brasileira desde 2018, quando o país conquistou 101 troféus. O recorde é de 115 prêmios, alcançado em 2013.
Brasil, homenageado do ano
O Brasil foi país homenageado do ano: nesta edição, ganhou o recém-criado troféu 'Creative Country of the Year'. Os investimentos nacionais, apenas em inscrições, devem ter chegado próximo aos R$ 20 milhões.
As agências mais premiadas, até agora, são DM9, com 23 leões, Africa, com 19 prêmios, e Gut, que levou 12 troféus até agora. A classificação final das agências depende de uma conta feita pela cor de cada troféu e número de campanhas finalistas, feita apenas somente após o último dia do festival.
Entre as ações publicitárias, destaque para 'One Second Ads', criada pela agência Africa para a cerveja Budweiser, que faturou Grand Prix e Ouro em Audio & Radio. A iniciativa também faturou Pratas em Direct e Social & Creator e Bronzes em Media e Social & Creator.
A campanha brasileira mais premiada, até o momento, foi 'Plastic Blood', criado pela DM9 para Oka Biotech. Foram 8 leões: 3 Ouros (Print, Brand Experience e Design), 3 Pratas (Design, Brand Experience e Industry Craft) e Bronzes (Outdoor e Direct). O projeto usou o microplástico extraído do sangue humano para desenvolver uma linha de produtos figurativos, como copos, canudos, sacolas e garrafas.
Ambev, anunciante mais premiado
Já o anunciante nacional que ficou com mais troféus foi a Ambev, com campanhas para Brahma, Budweiser, Skol e Corona, dividida pelas suas agências Africa, Gut e Grey.
Foram 19 leões para o Brasil, sendo 1 Grand Prix em Audio & Radio, 5 de Ouro (Audio & Radio, PR, Media, Social & Creator e Brand Experience), 8 de Prata (2 em Audio & Radio, 2 em Direct, 2 em Social & Creator, 1 em Outdoor e 1 em Brand Experience) e 5 de Bronze (2 em Media, 2 em Social & Creator e 1 em Creative Commerce).
Além disso, em uma campanha do energético Fusion, criada pela David Madrid, da Espanha, a Ambev São Paulo aparece como empresa adicional na ficha técnica do case. Mesmo assim, o troféu não conta para o Brasil.
Recorde nos GPs
Pela primeira vez na história do festival, o Brasil faturou 4 Grand Prix, o prêmio máximo dentro de cada categoria, em uma mesma edição:
- 'One Second Ads', criada pela agência Africa para a Budweiser, ganhou em Audio & Radio,
- 'Call of Discounts', criada pela agência Gut para o Mercado Livre, levou em Entertainment Lions for Gaming,
- 'Nigrum Corpus', feita pela Artplan para o Instituto de Educação Médica (Idomed), ganhou em Industry Craft,
- 'Efficient Way to Pay', criada pela agência DM9 para a Consul, venceu em Creative Data,
- 'Real Beauty Redefined for the AI Era', da Droga5 São Paulo para Dove, em Media.
E GPs com polêmicas
O 5º Grand Prix brasileiro só foi confirmado na manhã desta sexta-feira (20). Isso porque a organização do festival acatou um pedido feito pela Droga5 São Paulo ser incluída na ficha técnica do case vencedor. Segundo a agência, a inscrição havia sido feita de forma equivocada pela agência norte-americana MindShare. Com a correção, o Brasil ficou com mais um leão de Prata, uma vez que o case havia vencido dois prêmios na categoria.
Uma outra polêmica envolveu o GP de Creative Data, vencido com uma ação da DM9 para a Consul. Como apontado pela colunista Josette Goulart, o case inscrito no festival foi acusado de ter sido manipulado por ferramentas de inteligência artificial, o que pode ter influenciado na decisão dos jurados. A reportagem da CNN que consta no vídeo, por exemplo, nunca existiu como mostrada na inscrição para o festival.
Questionada pela reportagem, a assessoria da Consul, dona da marca, afirmou que 'a empresa não tem responsabilidade sobre o case apresentado em Cannes' - contudo, o anunciante precisa aprovar a inscrição da campanha para o prêmio. E perguntada sobre o tempo de duração, resultados da campanha e se ela se repetirá, no meio da semana, a agência disse que empresa não poderia abrir números da ação.
Fantasma ou não, case gerou debates
O Cannes Lions tem problemas com campanhas consideradas 'fantasmas' (propagandas que não existem, criadas apenas para participarem de premiações) desde a década de 1970.
Em 2009, a organização do evento chegou a divulgar uma política clara para o combate aos fantasmas, que incluía a necessidade de aprovação das inscrições pelos clientes, a exibição dos detalhes do anunciante, incluindo contato, nome e cargo de quem aprovou a peça e punições que envolviam até o banimento do festival.
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