O que é o Estreito de Ormuz e por que fechamento pelo Irã afetaria mercados

O Irã ameaçou fechar o Estreito de Ormuz, uma importante via marítima para o comércio de petróleo, caso os EUA se envolvam no conflito entre o país persa e Israel.

O que é o Estreito de Ormuz

É o corredor marítimo mais importante do mundo para o transporte de petróleo. Estima-se que cerca de 20 milhões de barris de petróleo bruto, condensado e combustíveis sejam transportados por ali diariamente, segundo dados da Vortexa, consultoria do mercado de energia e frete.

Fica entre o Irã e Omã. A via tem 33 quilômetros de largura, por onde transitam navios vindos do Golfo Pérsico em direção ao Mar Arábico. No seu ponto mais estreito, o trecho onde os navios podem navegar tem apenas 3,2 quilômetros de largura em cada direção, o que o torna congestionada e perigosa.

Bloqueio da via marítima poderia levar a uma intervenção militar dos EUA. A Quinta Frota do país americano, estacionada no vizinho Barein, tem a tarefa de proteger o transporte comercial na área. Qualquer movimento do Irã para interromper o fluxo de petróleo pela hidrovia também poderia comprometer as relações de Teerã com os países árabes do Golfo, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos —países com os quais o Irã tem melhorado as relações nos últimos anos de forma meticulosa.

Ameaça de fechamento já impacta mercado

Qualquer bloqueio da hidrovia ou interrupção no fluxo de petróleo poderia provocar um forte aumento nos preços do petróleo bruto e afetar os países importadores, especialmente na Ásia. O frete dos navios que transportam petróleo bruto e derivados na região já aumentou nos últimos dias. O custo do transporte de combustíveis do Oriente Médio para o Leste Asiático subiu quase 20% em três sessões até segunda-feira, informou a Bloomberg, citando dados da Baltic Exchange. O frete para a África Oriental aumentou mais de 40%.

Grandes volumes de petróleo bruto extraídos por países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) passam pelo corredor. São eles: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque. O Catar, um dos maiores produtores mundiais de gás natural liquefeito, também depende fortemente do estreito para transportar suas exportações da commodity.

Contratos futuros do petróleo fecharam em alta próxima de 3% ontem, enquanto investidores seguem ponderando informações que indicam a possibilidade de envolvimento dos EUA no conflito. Na ICE (Intercontinental Exchange), o contrato de petróleo Brent para agosto fechou em alta de 2,8% (US$ 2,15), a US$ 78,85 o barril, depois de tocar máxima intraday de US$ 79,04, o maior patamar desde 22 de janeiro.

Se os ataques cessarem, mas sanções mais duras forem impostas ao Irã, a produção global de petróleo pode cair em 700 mil barris por dia, impulsionando o Brent. A análise foi feita pela Oxford Economics. Já a interrupção das exportações iranianas levaria o preço do Brent a cerca de US$ 90 e o fechamento do Estreito de Ormuz, a US$ 130 por barril do Brent, de acordo com a Oxford.

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Agências marítimas aconselham navios comerciais a evitarem o entorno do Estreito de Ormuz. A escalada do conflito entre Israel e Irã aumentou a tensão sobre a segurança da hidrovia. Armadores estão cada vez mais cautelosos em usar o estreito, e alguns navios reforçaram a segurança a bordo, enquanto outros cancelaram rotas que passariam por ali, informou a agência de notícias Associated Press. No passado, o Irã já ameaçou fechar o corredor em retaliação à pressão de países do Ocidente.

Interferência eletrônica afeta navegação. Essas intervenções nos sistemas de navegação de navios comerciais aumentaram nos últimos dias ao redor da hidrovia e do Golfo, disseram fontes navais à agência de notícias Reuters. Essa interferência afeta os navios que navegam pela região.

*Com informações de Estadão Conteúdo e DW

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