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CEO da Bolt: Tarifa social aumenta consumo ineficiente de energia elétrica

A abertura do mercado livre de energia elétrica no Brasil será boa ao pequeno consumidor, mas a tarifa social é uma ação puramente política que acaba aumentando o consumo ineficiente da população, disse Gustavo Ayala, CEO do Grupo Bolt, em entrevista ao Mercado Aberto de hoje.

Essa Medida Provisória pauta a abertura do mercado livre, que é uma bandeira que a gente já leva aqui no Brasil há mais de 20 anos. Alguns países já fizeram essa abertura e o Brasil está fazendo agora, e vai ser muito benéfico para o consumidor.

Porém, a gente vê algumas ações puramente políticas, como essa da tarifa social, que é muito bom para o pequeno consumidor, mas, na nossa visão, não é através da tarifa de energia elétrica que você faz essa política.

Então teria outras maneiras de fazer esse tipo de política de transferência de renda, e você fazer uma política de tarifa social, na verdade, você aumenta o consumo ineficiente, porque esse pequeno consumidor começa a consumir mais, uma vez que ele não vai mais pagar.

Não é uma política de uso correto da energia elétrica. Então a gente vê essa dicotomia na MP 1300, fazendo a abertura do mercado livre e, por outro lado, também tendo uma interferência política.
Gustavo Ayala

A abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores, prevista pela Medida Provisória 1300, pode gerar redução de até 26,5% na conta de luz, segundo estudo da consultoria Volt Robotics.

Ayala disse também que existe sim um risco grande da MP 1300 caducar e sua melhor parte, a abertura do mercado livre de energia elétrica, não acontecer.

Esse risco [da MP caducar] é grande, é alto, essa MP teve mais de 600 emendas, então acabou que ficou um Frankenstein regulatório, ficou uma coisa bem diferente do que se tinha proposto inicialmente, então existe um risco alto de algumas ações serem colocadas em outras medidas provisórias, e essa MP acabe caducando mesmo, não tendo efeito.

Hoje em dia você não tem a opção de comprar energia. Você obrigatoriamente tem que comprar da sua distribuidora. Essa distribuidora tem contratos de Angra 1, Angra 2, de Itaipu, contratos muito antigos que são muito caros, então você acaba pagando por todo esse tipo de energia que você e todo mundo usa.

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Já no mercado livre você pode comprar energia de tecnologias de fontes renováveis, tecnologia bem moderna, ou seja, com preço muito mais competitivo. Então o mercado livre é um preço mais barato para todo mundo. Então é uma pena que não tenha sido aprovada, tem esse risco de cair essa MP, a abertura do mercado livre.
Gustavo Ayala

Para concluir, Ayala destacou novamente a importância do mercado livre, mas alertou que essa dicotomia atrapalha quem quer investir.

É importante a abertura do mercado livre, a gente está numa medida provisória que colocou um outro assunto da tarifa social junto, então a gente tem uma pressão aumentando os custos do consumidor, mas por outro lado abrindo o mercado livre.

Então essa dicotomia tem atrapalhado os agentes do setor que querem investir, principalmente novos investimentos, por exemplo o Data Center mesmo, essas empresas, muitas são fora do Brasil, que tem uma maior estabilidade.

Aqui no Brasil cada hora é uma coisa, então a gente precisa ter uma estabilidade regulatória, e uma agenda de eficiência e que de fato esse subsídio só perdure se for feito uma avaliação técnica e não de uma maneira política, como a gente está observando nessas medidas provisórias e, principalmente nos vetos, a gente prorrogou diversos contratos que o Brasil não precisa.

São contratos antigos, mais 20 anos, contratos super caros, e a gente pode escolher a nossa energia. A gente não tem que ficar comprando energia de fontes predeterminadas por algum lobby político.
Gustavo Ayala

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