70 países têm restrições ao frango do Brasil: o que deve acontecer agora

Mesmo com a retirada das suspensões à compra de carne de frango por 16 países, outras 70 nações seguem com algum tipo de restrição à importação do produto. Já Hong Kong, que é uma região autônoma da China, também tem restrição

Mas o que falta ainda para as restrições caírem por terra? O UOL Economia explica os próximos passos das negociações.

O que aconteceu

Anteontem, 16 países retiraram a restrição à importação da carne de frango brasileira. São eles: Argélia, Bolívia, Bósnia e Herzegovina, Egito, El Salvador, Iraque, Lesoto, Líbia, Marrocos, Mianmar, Montenegro, Paraguai, República Dominicana, Sri Lanka, Vanuatu e Vietnã.

No dia 18 de junho, o Brasil se declarou livre da gripe aviária. Isso ocorreu 28 dias após o primeiro caso da doença em uma granja comercial em Montenegro (RS). Com a autodeclaração, encaminhada à OMSA (Organização Mundial da Saúde Animal), foi possível retomar as negociações para a retirada das restrições ao produto.

Hoje, 41 países ainda têm restrição total à importação da carne de frango brasileira. Desses, 27 nações fazem parte da União Europeia, o que equivale a 65% do total. Além disso, outros 19 mantêm a restrição apenas à carne de frango oriunda do Rio Grande do Sul e quatro ao produto vindo de Montenegro (RS). Enquanto o Japão mantém a restrição à compra do frango brasileiro a três cidades: Montenegro (RS) Santo Antônio da Barra (GO) e Campinápolis (MT).

Outros seis países mantêm restrição à zona. Além desses, consta na lista Hong Kong, que é uma região administrativa autônoma da China. O UOL Economia entrou em contato com o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) para detalhar o que seria esse tipo de limitação, que passou a constar na última atualização, de ontem. Porém, ainda não houve retorno.

O que ainda falta acontecer

Países podem fazer visitas técnicas antes de derrubar restrições. A União Europeia, por exemplo, pode exigir a realização de missões técnicas para inspecionar granjas, abatedouros e sistemas de vigilância no Brasil. "Essas visitas podem atrasar a retomada, mas reforçam a confiança no sistema sanitário", entende Rogério Marin, CEO da Tek Trade e especialista em comércio exterior, presidente do Sinditrade (Sindicato das Empresas de Comércio Exterior do Estado de Santa Catarina)

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Também podem ser exigidos prazos adicionais além dos 28 dias do vazio sanitário. Alguns países podem pedir para aguardar até 90 dias além desse prazo. A Malásia, por exemplo, pode adotar essa abordagem devido a históricos de cautela.

Negociações são individualizadas, mas Brasil pode dar preferência a grandes parceiros. "Cada nação ou bloco tem autonomia para impor, manter ou flexibilizar embargos com base em suas próprias regulamentações sanitárias, interesses econômicos e nível de confiança nas medidas adotadas pelo Brasil para controlar a gripe aviária", observa Marin.

Brasil pode negociar a regionalização das restrições. Países como Coreia do Sul já aceitaram limitar embargos apenas ao Rio Grande do Sul, onde o foco foi registrado. Para Marin, negociar acordos de regionalização com outros mercados, como China e União Europeia, pode reduzir o impacto das suspensões, permitindo exportações de outras regiões do Brasil.

Escassez da carne de frango no mercado internacional pode incentivar países a flexibilizar restrições. Isso pode ocorrer especialmente com a China, que é considerado grande importador do produto.

Importadores podem exigir certificados específicos. Neles é atestando que o produto é proveniente de áreas livres de gripe aviária ou que foi processado sob condições que eliminam o vírus. Por exemplo, Hong Kong e Cingapura aceitaram importações fora de um raio de 10 km de Montenegro, desde que acompanhadas de certificação extra, explica o CEO da Trek Trade.

A resistência de grandes mercados (China e UE) atrasa a recuperação econômica, já que representam fatias significativas das exportações. Além disso, a falta de adesão universal à regionalização aumenta o impacto dos embargos. E a percepção de risco, mesmo com apenas um caso em granja comercial, exige esforços diplomáticos intensos. Rogério Marin, CEO da Tek Trade e especialista em comércio exterior

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Suspensão total das exportações de carne de aves do Brasil:

  • Albânia
  • Argentina
  • Canadá
  • Chile
  • China
  • Filipinas
  • Índia
  • Macedônia do Norte
  • Malásia
  • Mauritânia
  • Paquistão
  • Peru
  • Timor-Leste
  • União Europeia
  • Uruguai

Suspensão restrita ao estado do Rio Grande do Sul

  • África do Sul
  • Angola
  • Arábia Saudita
  • Armênia
  • Bahrein
  • Bielorrússia
  • Cazaquistão
  • Coreia do Sul
  • Cuba
  • Kuwait
  • México
  • Namíbia
  • Omã
  • Quirguistão
  • Reino Unido
  • Rússia
  • Tajiquistão
  • Turquia
  • Ucrânia

Suspensão limitada ao município de Montenegro (RS)

  • Catar
  • Emirados Árabes Unidos
  • Jordânia
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Suspensão limitada aos municípios de Montenegro, Campinápolis e Santo Antônio da Barra

  • : Japão

Suspensão limitada à zona*

  • Hong Kong
  • Maurício
  • Nova Caledônia
  • São Cristóvão e Nevis
  • Singapura
  • Suriname
  • Uzbequistão

(*) O reconhecimento de zonas específicas é denominado regionalização, conforme previsto no Código Terrestre da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e no Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) da Organização Mundial do Comércio (OMC).

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