Mais etanol na gasolina deve trazer economia de R$ 4 bilhões por ano

O anúncio do governo federal sobre o aumento da mistura obrigatória de etanol na gasolina — de 27% para 30% —, a partir de 1º de agosto, trouxe uma boa notícia na bomba: a redução de até R$ 0,11 por litro do combustível. A medida também levanta o debate sobre os impactos na economia. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o país vai economizar R$ 4 bilhões por ano e, não só se torna autossuficiente na produção, como passa a poder exportar gasolina.

O que aconteceu

Mas não é só o etanol (E30), a quantidade de biodiesel no diesel também sobe, de 14% para 15% (B15). O combustível, principal fonte de energia para máquinas e para o transporte de cargas e passageiros, está diretamente ligado ao preço dos produtos no atacado e no varejo.

Quais são os impactos da medida:

Economia com importação de gasolina. A adoção do E30 vai permitir a redução de até 1,36 bilhão de litros na demanda por gasolina A (produzida pelas refinarias e antes da adição de álcool etílico anidro). Com base no PPI (Preço de Paridade de Importação) de aproximadamente R$ 3,11 por litro, essa substituição poderá gerar uma economia superior a R$ 4 bilhões por ano, segundo o ministério.

Brasil pode exportar o combustível a partir deste ano. Com a redução da demanda por gasolina A, o País tem potencial para se tornar exportador já em 2025.

Redução do custo por litro para o consumidor. O ministério estima que a economia seja de até R$ 0,11 por litro de gasolina.

Redução do custo por quilômetro rodado. O governo aponta que o uso do E30 pode gerar uma economia de até R$ 0,02 por quilômetro rodado, o que é especialmente relevante para frotas e para o transporte de passageiros.

Valorização da produção de etanol. A ampliação do percentual de etanol na gasolina substitui a importação por combustível produzido no Brasil. O ministério afirma que a medida "contribui para a valorização de fontes renováveis produzidas no país", fortalecendo a indústria nacional e a balança comercial.

Nós já temos aqui a tradição do etanol consolidada. A princípio, não tem limitação de atendimento, você teria a capacidade de atender misturas até maiores do que 30% de etanol na gasolina.
Márcio D'Agosto. Professor do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ

Segurança energética e ambiental. A medida reduz a dependência de gasolina importada e contribui para a descarbonização da matriz de transportes, pois o acréscimo de etanol significa reduzir as emissões.

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Contribui para reduzir as emissões de gás de efeito estufa no curto prazo e também no médio prazo.
Márcio D'Agosto. Professor do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ

Critérios para a medida

Decisão foi baseada em critérios técnicos. O Ministério de Minas e Energia afirma que a decisão foi baseada em uma Análise de Impacto Regulatório que avaliou critérios técnicos, econômicos, ambientais e de segurança energética. "No caso do diesel, a gente tem uma questão sensível, que é a dependência extrema, porque 40% de toda energia destinada para transporte é diesel", diz D'Agosto. "Os biocombustíveis poderiam ser uma solução."

País deve se tornar exportador. Além da economia direta nas importações, o governo projeta que o Brasil poderá se tornar exportador líquido de gasolina já em 2025. "Com a redução da demanda por gasolina A viabilizada pela adoção do E30, o Brasil tem potencial para se tornar exportador líquido de gasolina A já em 2025, revertendo o cenário de dependência de importações observado em anos anteriores", diz o ministério.

Combustível foi testado com a indústria automobilística. A compatibilidade do E30 com a frota nacional foi comprovada por testes realizados pelo Instituto Mauá de Tecnologia, com participação da indústria automobilística, fabricantes de componentes, produtores de etanol e a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Segundo D'Agosto, os veículos flex — predominantes na frota nacional — são totalmente capazes de operar com essa nova mistura.

Não deve afetar veículos antigos. Mesmo veículos antigos ou importados, segundo ele, não devem apresentar dificuldades técnicas relevantes, uma vez que já operam há anos com misturas de até 25% de etanol. "Não tem absolutamente problema algum em você aumentar o percentual de etanol na gasolina. Não tem problema técnico, não tem problema de compatibilidade de partes e componentes", afirma.

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Falta planejamento robusto. Apesar dos avanços, o professor defende que o Brasil precisa de um planejamento estratégico mais robusto para consolidar a transição energética no setor de transportes. Segundo ele, há conhecimento técnico acumulado suficiente para que o governo defina as melhores alternativas energéticas para diferentes segmentos do transporte, como carga pesada, transporte urbano, navegação e aviação.

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