Vamos onerar quem está pedindo socorro?, diz Haddad sobre ajuste fiscal

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o ajuste fiscal no Brasil foi historicamente feito com supressão de direitos e que o objetivo do governo é mudar isso. Ele deu uma palestra na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, nesta sexta-feira.

O que ele disse

Desigualdade tem que ser corrigida com ajuste fiscal, disse Haddad. "A desigualdade tem que ser corrigida com o ajuste fiscal. Se não, depois a desigualdade será maior", disse em palestra para estudandes e professores da USP e de outras universidades.

"Historicamente, ajuste fiscal é sinônimo de supressão de direitos no Brasil", disse Haddad. "Em geral, é quem ganha salário mínimo, é o aposentado. Quando você fala 'vamos corrigir essas contas, vamos chamar a turma da cobertura', aí se espantam, aí o ajuste fiscal não é interessante. Vamos onerar ainda mais quem está pedindo socorro?", disse.

Haddad disse que presidente Lula está ouvindo ministros sobre o IOF. Segundo Haddad, Lula está consultando seus ministros para decidir se leva a questão ao STF. "O presidente está ouvindo os ministros e vai tomar uma decisão. Ele me ouviu, esta ouvindo outros ministros", disse. Sobre a possibilidade de novas medidas, Haddad disse que vai aguardar primeiro a decisão do presidente.

O governo sofreu uma derrota importante no Congresso essa semana, com a derrubada dos decretos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Os decretos aumentavam a cobrança do imposto para ajudar a fechar as contas públicas. Após a derrota, Haddad disse que uma das alternativas consideradas pelo governo é levar o tema à Justiça.

Não imaginávamos ascensão da direita em tão pouco tempo, disse. Haddad falou sobre o crescimento da extrema-direita no mundo atual e lembrou de seu tempo como estudante da Faculdade de Direito da USP, entre 1981 e 1985, fim da Ditadura Militar. "Não imaginávamos que em tão pouco tempo fôssemos enfrentar a ascensão da extrema-direita. Nossos adversários não estavam mortos e foram angariando força", disse.

Progressistas devem se mostrar como opção de transformação social. "O que as forças progressistas estão carecendo fazer é se representar para o mundo com um programa forte de transformação social. Vivemos momentos que colocaram o horizonte utópico na gaveta", disse.

Haddad foi recebido como amigo, elogiado por professores e colegas da universidade, e aplaudido pela plateia. O professor Pierpaolo Bottini, que ajudou a organizar a palestra do ministro, disse que Haddad era recebido como "antigo aluno da faculdade, ex-presidente do Centro Acadêmico e como amigo". Elogiou ainda a seriedade intelectual de Haddad, sua capacidade articulação política e disse que o ministro vem trabalhando para reduzir privilégios.

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