Governo libera R$ 516 bilhões para médios e grandes produtores rurais

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O governo vai destinar R$ 516,2 bilhões para a agricultura empresarial. Voltada para médios e grandes produtores rurais, a liberação bilionária faz parte de uma nova etapa do Plano Safra 2025/2026. O anúncio do programa foi marcado por críticas ao elevado patamar da taxa de juros e falas em defesa do meio ambiente.
O que aconteceu
Plano Safra 2025/2026 destina R$ 516,2 bilhões à agricultura empresarial. O montante é R$ 8 bilhões maior do que o liberado para o grupo formado por médios e grandes produtores na última safra. A iniciativa do governo federal é coordenada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. O valor total será dividido entre a liberação de R$ 414,7 bilhões para o custeio e comercialização da produção e de R$ 101,5 bilhões para novos investimentos.
Ação busca financiar o desenvolvimento do agronegócio nacional. Os recursos do Plano Safra contemplam as operações de custeio, comercialização e investimento no setor. O acesso aos recursos varia conforme o perfil do beneficiário e o programa acessado.
Programa foi expandido mesmo com os juros no patamar mais elevado em quase 20 anos. Durante a apresentação do programa, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o presidente Lula "marcou três golaços" com o Plano Safra recorde pelo terceiro ano consecutivo e "pode pedir música". Ele destaca que foi difícil acreditar na nova elevação em meio ao aumento da taxa básica de juros da economia nacional para 15% ao ano, o maior patamar desde 2006. "O governo absorveu o aumento da Selic com equalização", disse ao revelar um aumento dos juros do Plano Safra de, no máximo, 2% ao ano nas taxas de juros.
Lula também disse não se conformar com o atual patamar dos juros brasileiros. Assim como Fávaro, o presidente reforçou que está insatisfeito com a taxa Selic a 15% ao ano. Ainda assim, isentou Gabriel Galípolo, presidente do BC (Banco Central) indicado por ele, da responsabilidade pelo ciclo de aperto monetário. "O Galípolo está comendo o prato que ele recebeu. Não teve nem tempo de trocar de comida", afirmou.
Carlos Fávaro enalteceu a dimensão do agronegócio brasileiro. Para o ministro, o Plano Safra prova a qualificação dos trabalhadores para a produção superior a 1 bilhão de toneladas no campo. "O Brasil se tornou o supermercado do mundo, garantindo a qualidade dos produtos que a alimentação mundial seja tranquila e eficiente. Um Plano Safra aquece a economia, aquece a indústria que vende máquinas, equipamentos e gera empregos", disse Fávaro.
O Plano Safra é a força para o Brasil crescer.
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura
Lula destacou os investimentos realizados no agronegócio desde 2023. O presidente afirmou que os três Planos Safra anunciados no mandato atual o deixa "muito satisfeito com as coisas que estão acontecendo no Brasil". "Batemos mais um recorde de valores disponíveis para esse Plano Safra empresarial, mas queremos dar um passo além. Queremos elevar ao máximo os ganhos que esses recursos podem gerar para os empresários, para a sociedade e, sobretudo, para o nosso país", afirmou.
Eu fico muito feliz quando a gente aprova um Plano Safra desses.
Lula, presidente do Brasil
O presidente defendeu o cuidado ambiental para o crescimento do agronegócio. Lula disse que a preservação de rios, mananciais e da terra degradada será benéfica para a produção rural. "A gente vai percebendo com o tempo que está produzindo mais em menos hectares. A gente está ganhando mais porque aumentou a qualidade dos produtos que estamos produzindo, por conta dos avanços genéticos", avaliou.
Plano Safra
Liberação do programa para a safra 2025/2026 totaliza R$ 605,2 bilhões. Os R$ 516,2 bilhões destinados para a agricultura empresarial se unem à liberação de R$ 89 bilhões anunciada ontem para o Plano Safra da Agricultura Familiar. Nesta manhã, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que os recursos vão estimular a produção e reduzir o preço dos alimentos para os consumidores.
Maior parte dos recursos do programa será destinada ao Pronaf. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar receberá R$ 78,2 bilhões para a safra 2025/2026. Fica mantida a taxa de 3% para financiar a produção de alimentos essenciais, como arroz, feijão, frutas, verduras, ovos e leite. Para cultivo orgânico ou agroecológico, o percentual cai para 2%. Ao comparar com o atual nível da taxa Selic, fixada em 15% ao ano, Teixeira afirma que o percentual representa um "juro ultra negativo".
Ministro da Fazenda recordou as previsões do início deste ano. Em sua declaração durante o anúncio do Plano Safra, o ministro da Fazenda lembrou as projeções de que a inflação de alimentos seria reduzida com a colheita da super safra e a desvalorização do dólar. "As coisas estão voltando rapidamente ao normal, como era o nosso plano de voo desde o início", comemorou o ministro, apesar de reconhecer o cenário global "muito desafiador" devido às questões climáticas.
A reforma tributária se complementa a essas iniciativas de planos safra recordes, que vão impulsionar muito a atividade no campo.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Benefícios
Produtores podem financiar a compra de rações, suplementos e medicamentos. A novidade estende o prazo para aquisições realizadas até 180 dias antes da formalização do crédito. Segundo o governo federal, a medida flexibiliza o acesso aos insumos. O crédito de custeio também poderá ser destinado à produção de sementes e mudas de essências florestais, nativas ou exóticas, valorizando iniciativas voltadas à preservação ambiental.
Novo ciclo do Plano Safra traz medidas para facilitar a renegociação de dívidas. O incentivo vale para os médios e grandes produtores rurais que enfrentaram dificuldades em safras anteriores. A ação busca dar maior flexibilidade para os produtores na reorganização de suas obrigações financeiras para a retomada do fluxo produtivo.
Desconto na taxa de juros para as operações de crédito rural de custeio. A redução de 0,5 ponto percentual das taxas foi prorrogada até 30 de junho de 2026. O benefício vale para produtores enquadrados no Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural) e todos os que investirem em atividades sustentáveis, com recursos equalizados e respeitados os limites definidos por cada instituição financeira para o ano agrícola.
Plano Safra 2025/2026 também amplia os programas de armazenagem. A capacidade por projeto passou de 6 mil para 12 mil toneladas para melhorar a infraestrutura de estocagem e escoamento da produção rural. Também foi ampliado de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões por ano o limite de renda para ingressar no Pronamp.
Programas voltados à modernização e inovação seguem fortalecidos. O Moderagro (Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos Recursos Naturais) e o Inovagro (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária) foram unificados para simplificar o acesso ao crédito. A decisão aumenta o limite disponível para investimentos em granjas e permite que as estruturas se mantenham atualizadas em relação à sanidade animal.
Incentivo direcionado para os produtores de café. Outra medida adotada visa à ampliação do acesso ao Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira). A ação permite que beneficiários do Pronaf e do Pronamp acessem o fundo mesmo que já tenham contratos ativos pelo Plano Safra. A medida amplia as opções de crédito e fortalece a capacidade de investimento e produção no setor cafeeiro.
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