Governo quer abertura de crédito extraordinário para reembolsar aposentados
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A AGU (Advocacia-Geral da União) protocolou hoje no STF (Supremo Tribunal Federal) os termos do acordo para o reembolso dos aposentados e pensionistas que sofreram descontos ilegais em benefícios do INSS por associações de classe. O acordo, firmado entre a União, Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e INSS, prevê a abertura de crédito extraordinário —utilizado em situações em que a despesa é urgente e não está prevista no Orçamento.
O que aconteceu
O documento prevê que o governo abrirá crédito extraordinário por medida provisória. Isso significa que a União vai ter de incluir esse gasto extra no Orçamento deste ano, aprovado pelo Congresso em março. Para esse tipo de despesa não prevista, o governo não precisa explicar previamente a fonte dos recursos.
O Poder Executivo adotará as providências necessárias para a edição de Medida Provisória que assegure os recursos financeiros destinados às despesas imprevisíveis e urgentes decorrentes do cumprimento do presente pacto.
Trecho do acordo
O dinheiro será corrigido pela inflação. "Os valores serão atualizados monetariamente com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desde o mês de referência de cada desconto até a data de sua efetiva inclusão na folha de pagamento", afirma.
Para receber será necessário desistir de processo contra a União. Segundo a proposta, para aderir ao acordo, o beneficiário terá de firmar "compromisso de desistência de ação já ajuizada em face do INSS, com renúncia expressa ao direito sobre o qual se funda o pedido". Os procedimentos abertos pelo Ministério Público Federal contra o INSS também serão arquivados. Ainda assim, o segurado ou aposentado poderá processar a entidade se ainda achar necessário.
O acordo poderá ser revisado pelas partes "mediante aditivos". As mudanças serão autorizadas "desde que se assegurem a manutenção e o respeito integral aos direitos dos beneficiários", afirma o texto.
Detalhes do acordo ainda serão firmados. "Os fluxo administrativos, prazos, sistemas de contestação, meios de devolução, critérios de comprovação de vínculo e demais procedimentos técnicos serão consensuados entre as partes, em Planos Operacional, no prazo de até 5 (cinco) dias da assinatura deste acordo", diz o texto.
O acordo está sob a relatoria do ministro Dias Toffoli, que deve ratificá-lo. "O termo de conciliação foi submetido à avaliação e homologação do STF, medida necessária para conferir segurança jurídica ao plano de ressarcimento dos aposentados e pensionistas que tiveram seus benefícios fraudados", diz a AGU.
A AGU pediu para que o crédito extraordinário fique fora da meta de resultado primário de 2025 e 2026. Resultado primário é a sobra ou falta de dinheiro após o governo cobrir suas despesas básicas. Para 2025, a meta é zero, mas a Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano permite uma margem de tolerância de déficit de até R$ 31 bilhões, equivalente a 0,25% do Produto Interno Bruto.
Como o valor será devolvido?
- Após o segurado contestar os descontos, será aberto prazo de 15 dias úteis para que a entidade associativa devolver os valores ou comprovar o vínculo associativo do beneficiário e a autorização específica para os descontos.
- Caso seja efetuada a devolução pela entidade, o INSS providenciará o ressarcimento diretamente na conta em que ele recebe seus benefícios.
- Se a entidade não realizar o pagamento e não apresentar documentação que comprove o desconto, o segurado poderá aderir ao acordo após a homologação do pacto pelo STF. Nesse caso, o governo realizará a devolução do dinheiro utilizando o crédito extraordinário.
O pagamento deverá ocorrer ainda em 2025. "Nós teremos condições (...) de apresentar um calendário de pagamento. A ideia é que ele ocorra ainda neste ano", afirmou em junho o ministro da AGU, Jorge Messias, em uma reunião com o INSS sobre o tema.
Esse pagamento ocorrerá de uma só vez. "Em parcela única, de forma muito simplificada aos aposentados e pensionistas", disse ele na ocasião.
Mas quando eu recebo?

O governo promete os ressarcimentos até 31 de dezembro. O calendário, no entanto, ainda não foi divulgado. "Esse prazo de 31 dezembro ele [o presidente do INSS, Gilberto Waller] colocou para que todos os ressarcimentos sejam feitos, mas eu espero sinceramente que a gente consiga bem antes isso", disse o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, em maio durante o programa Bom dia Ministro.
O governo pediu um bloqueio de R$ 2,5 bilhões de 12 entidades investigadas.
Como pedir a devolução:
- Entre no aplicativo Meu INSS;
- Informe CPF e senha cadastrada;
- Clique em "Do que você precisa?";
- Digite "consultar descontos de entidades";
- Se houver desconto, marcar se fora/m autorizados ou não;
- Informe email e telefone de contato;
- Confirme a veracidade das informações prestadas;
- Clique no botão "Enviar Declarações".
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