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Ronaldo Lemos: Ataque hacker bilionário pode ter usado engenharia social

O ataque cibernético que causou um prejuízo estimado inicialmente em R$ 1 bilhão pode ter utilizado um sistema de engenharia social, afirmou o colunista da Folha de S.Paulo Ronaldo Lemos na edição de hoje do UOL News.

Cibercriminosos invadiram o sistema da empresa de software C&M na terça. Especula-se que as perdas podem chegar a até R$ 3 bilhões, o que tornaria o caso o maior da história do sistema financeiro nacional.

Esse é talvez o maior ataque digital e é especialmente preocupante porque vai diretamente ao sistema brasileiro de pagamentos. O sistema foi afetado porque o bandido conseguiu chegar às chamadas contas-reserva, mantidas pelo próprio Banco Central.

O que foi atingido por meio dessa empresa terceirizada foi o coração do sistema financeiro. Essas contas operam volumes muito grandes de dinheiro. O vetor foi roubo de credencial. O bandido conseguiu credenciais dessa empresa que tinham poderes para operar transações dessa magnitude.

Esse caso é preocupante. O sistema brasileiro é seguro e não é comum que isso aconteça, mas precisamos aprender algumas lições com esse caso. Ronaldo Lemos, colunista da Folha de S.Paulo

Lemos apontou a fragilidade do sistema de identidade em vigor no Brasil como origem do ataque hacker bilionária e projeta novos problemas caso não haja uma mudança logo.

O Brasil virou o paraíso dos golpes. Isso é sintoma de um problema maior: de fato, o país não tem uma identidade robusta. Nosso sistema de identificação, como RG e CPF, não é mais adequado para o mundo digital. Esse sistema faliu para fins de transações digitais, que são o centro da vida contemporânea.

Esse ataque à empresa de software foi exatamente isso. A pessoa roubou a identidade de outra para entrar no sistema que permitia movimentações, operou esses fundos e deu no que deu.

Para resolver esse problema, é preciso mais polícia e capacidade de investigação, mas não adianta tampar o sol com a peneira. É preciso ir à raiz e cuidar da questão da cibersegurança como algo estrutural. É preciso resolver o problema da falência das identidades no Brasil. Até lá, lidaremos com as consequências. Ronaldo Lemos, colunista da Folha de S.Paulo

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