Bolsa bate recorde pelo 2º dia e atinge 141 mil pontos pela primeira vez
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A Bolsa de Valores brasileira bateu recorde pelo segundo dia seguido e superou os 141 mil pontos pela primeira vez na história, impulsionada por decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) e otimismo com a economia americana. Já o dólar fechou em alta de 0,36%, a R$ 5,424, após terminar o dia de ontem no menor patamar em mais de um ano.
O que aconteceu
A Bolsa atingiu 141 mil pontos pela primeira vez, em novo recorde. O Ibovespa - principal índice acionário brasileiro - terminou a sexta-feira com alta de 0,24%, aos 141.263 pontos. Hoje, o volume negociado no dia foi de R$ 9 bilhões.
O Ibovespa tem renovado recordes por uma combinação de fatores. "No cenário internacional, o mercado americano segue em alta com novos recordes em Wall Street, impulsionado por dados de emprego nos EUA que vieram fortes, mas sem pressionar tanto a inflação, o que abre espaço para possível corte de juros pelo Fed [banco central dos americano] ainda este ano", diz Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital. "Esse movimento fortalece o apetite por risco global, beneficiando países emergentes como o Brasil."
No cenário interno, o PIB do primeiro trimestre veio forte, "mas dentro do imaginado". "Foi puxado pela safra agrícola e pelo crescimento do setor de serviços, o que reforça a percepção de resiliência da economia brasileira mesmo com juros ainda elevados", diz Belitardo. "Há também indícios de que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim, o que melhora o humor dos investidores e dá sustentação às ações mais sensíveis à curva de juros."
O mercado repercute a decisão do STF sobre o IOF. O Ibovespa passou a subir no início da tarde com novas notícias sobre o impasse entre governo e Congresso em relação ao aumento ao imposto. Hoje, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes suspendeu liminarmente os efeitos dos decretos presidenciais que elevaram as alíquotas do IOF, bem como a decisão do Congresso, na semana passada, que sustou os efeitos da medida adotada pelo presidente Lula (PT).
Pedido de conciliação. Em decisão liminar, Moraes convocou uma audiência de conciliação para o próximo dia 15 de julho com representantes do governo, da Câmara, do Senado e da Procuradoria-Geral da República.
Dólar sobe
O dólar comercial terminou o dia 0,36% mais caro. O dólar turismo subiu 0,13%, comprado a R$ 5,449 e vendido a R$ 5,629. O recuo do real seguiu movimento internacional mesmo com a desvalorização do dólar frente às principais moedas, de acordo André Valério, economista-sênior do Inter.
Desvalorização do dólar tem por trás cenário de incerteza fiscal dos EUA. Segundo o economista, há um movimento de saída de dólares e moedas emergentes em direção a ativos vistos como mais seguros, com o ouro e outros metais preciosos, que tiveram alta de 2% na sessão de hoje
Com receios fiscais na economia americana, vimos os juros de 10 anos dos EUA avançarem ao longo do dia e uma maior aversão ao risco. Tipicamente, essa maior aversão afeta de maneira desproporcional os países emergentes, apesar de o movimento hoje ter sido mais comedido, mesmo para os emergentes. Com o recente rebaixamento da dívida pública americana pela Moody's, houve uma nova rodada de preocupação com o fiscal americano, devido ao projeto de lei do governo Trump para corte de impostos, que deve piorar o déficit do país. Isso ocorre porque os cortes de impostos não serão acompanhados por reduções significativas nos gastos federais.
André Valério, economista-sênior do Inter
Economia americana
Os investidores acompanham com cautela também os desdobramentos do tarifaço americano. Na próxima quarta-feira (9) termina o prazo final de negociações. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a afirmar que seu governo vai começar a notificar os parceiros comerciais sobre as tarifas do país para a exportação de seus produtos a partir de 1º de agosto. Trump disse à imprensa que cerca de "10 ou 12" cartas serão enviadas hoje e outras "nos próximos dias".
Tarifas podem chegar a 70% em alguns casos. Em declaração à imprensa, o presidente dos EUA acrescentou que as tarifas das cartas vão variar de 10% a 20% e, em outros casos, de 60% a 70%. Se confirmado nesse patamar, o novo teto tarifário será superior a qualquer uma das tarifas recíprocas anunciadas inicialmente em 2 de abril. Trump não especificou quais nações receberão as correspondências.
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