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Empresas de educação buscam mais aquisições no Brasil; graduação predomina

Juliana Schincariol

13/05/2014 18h59

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Enquanto o mercado aguarda o aval para a maior fusão entre companhias de educação no Brasil na quarta-feira, outros participantes do mercado preparam o terreno para novas aquisições, e o segmento de graduação continua aparecendo como o mais promissor.

De um lado, entidades com mais de cinco mil alunos ainda são os principais alvos, mas aquisições menores também estão no radar das companhias em um momento em que o preço por estudante tem crescido.

"Qualquer entidade que tenha mais de 5.000 alunos é um ativo importante para ser adquirido", disse à Reuters o sócio da área de Educação da KPMG no Brasil, Marcos Boscolo.

Grupos como Unip, em São Paulo, e Positivo, de Curitiba, são vistos como possíveis alvos de aquisição por analistas do mercado. Procuradas pela Reuters, estas empresas não responderam aos pedidos de entrevista.

"A Unip, na área de graduação, é um dos principais alvos, ela sozinha é muito maior do que muitos destes grupos que são empresas abertas", acrescentou Boscolo, da KPMG. A Unip tem cerca de 200 mil alunos, enquanto a Positivo tem 15.500 alunos, ambas divididas entre graduação, pós-graduação e cursos tecnológicos.

A compra da Uniseb pela Estácio em setembro passado custou pouco mais de R$ 16 mil por aluno, na maior aquisição da história da companhia. Negócios anteriores, todos de menor relevância e fora do Estado de São Paulo, custaram entre R$ 5.000 e R$ 7.000 por estudante para a companhia.

Quando a Kroton comprou a Unopar em dezembro de 2011 por R$ 1,3 bilhão, um dos maiores negócios da empresa, cada aluno saiu por cerca de R$ 8.000. Como comparação, a aquisição mais recente do setor, da Universidade São Judas pela Anima , ficou perto de R$ 12 mil por aluno.

"As oportunidades estão escasseando e também há mais gente querendo adquirir competidores. A maior demanda e a menor oferta jogaram os preços para cima", disse o analista da consultoria Lopes Filho, Alexandre Montes.

Na quarta-feira, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai julgar a fusão entre Kroton e Anhanguera, que vai criar a maior instituição de ensino privado do Brasil e uma das maiores do mundo. A união, que deve formar uma empresa com receita de mais de R$ 4 bilhões por ano, foi anunciada em abril passado.

SEGUE O JOGO

A expectativa de analistas e executivos é que pequenos e médios negócios farão sentido nos próximos anos depois que as companhias maiores - Kroton e Anhanguera e Estácio e Uniseb - tiverem sucesso na integração de suas operações.

"A consolidação do setor vai continuar se confirmando (...) Começa a ficar mais difícil, mas ainda há espaço", disse à Reuters o presidente da Ser Educacional, Jânyo Diniz, em entrevista concedida antes do período de silêncio que antecede a divulgação de resultados trimestrais da companhia.

No final do ano passado, a Ser, que tem como meta a expansão nas regiões Norte e Nordeste, assinou memorando para negociar com exclusividade a compra da União de Ensino Superior do Pará (Unespa) e do Instituto Santareno de Ensino Superior (Ises) por R$ 152 milhões.

Além de ainda muito pulverizado - os maiores participantes do mercado detêm participação cerca de 25% do mercado-, o setor de graduação ainda tem grande potencial de crescimento, com ocupação de vagas em torno de 50%, de acordo com Boscolo, da KPMG.

A Estácio, que está presente em 20 Estados mais o Distrito Federal, pretende ter uma atuação nacional, embora não planeje nenhuma grande aquisição no momento, após a compra da Uniseb, disse o presidente da companhia, Rogério Melzi, ao chat Trading Brazil, da Thomson Reuters.

"A Estácio pretende ter uma presença nacional, o que significa atuar fisicamente nos maiores centros urbanos brasileiros. Ainda temos alguns Estados em branco no mapa, então ainda há um caminho a percorrer", disse Melzi. A companhia ainda não tem atuação no Piauí, Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Tocantins.

Outro fator que oferece um grande potencial de crescimento para o ensino superior no Brasil são os programas do governo brasileiro de incentivo à educação, como Fies, Prouni, além do Pronatec, que paga integralmente bolsas de estudo para cursos técnicos oferecidos por instituições de ensino superior.

OUTROS SERVIÇOS

Além das escolas de ensino superior em si, serviços complementares de educação - tanto no nível básico, quanto na graduação - podem apresentar oportunidades, disse em entrevista à Reuters o fundador e presidente do Sistema Educacional Brasileiro (SEB), Chaim Zaher.

"Nestes serviços complementares podem nascer grandes oportunidades e agregar valor aos negócios da própria SEB com abertura de novos segmentos de atuação, e transformar até em empresas independentes de grande porte", afirmou o executivo.

Desde 2012, o Cade já aprovou 26 atos de concentração no setor educacional brasileiro, e em oito desses casos foi aplicada alguma restrição para sanar os problemas concorrenciais detectados.

Segundo o Cade, o perfil das operações recentes exige um estudo mais profundo uma vez que "além de numerosas envolveram grupos importantes, gerando concentrações em níveis que demandaram uma análise cuidadosa".