No dia seguinte a protestos, ministro da Fazenda pede apoio da população a ajustes fiscais
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pediu nesta segunda-feira (16) apoio da população ao ajuste fiscal, dizendo que o reequilíbrio das contas públicas precisa ser rápido para evitar cenários marcados por downgrade (rebaixamento), crise cambial e inflação alta.
"O apoio da população ao ajuste é muito importante. As razões dele estão claras", disse.
As declarações do comandante da equipe econômica foram feitas em encontro com empresários em São Paulo nesta segunda-feira, um dia após manifestações gigantes tomarem as ruas do país em protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff, marcado por baixo crescimento, inflação alta e aperto nas contas públicas.
"Se fizermos ajuste rápido, as pessoas poderão sentir chão firme para começar a trabalhar", disse o ministro.
Levy lidera um duro ajuste fiscal marcado por aumento de tributos, redução de gasto público, revisão de benefícios trabalhistas e previdenciários, fim de subsídios e revisão de desonerações ao mesmo tempo em que tenta transmitir mensagem de melhora do ambiente de negócios.
Mesmo com autoridades da área econômica indicando uma perspectiva mais positiva, a economia continua mostrando dados desanimadores.
Em janeiro, a atividade econômica brasileira registrou retração de 0,11 por cento ante o mês anterior, de acordo com dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira, num prenúncio de mais um ano difícil.
Ajuste no dólar
Levy considerou que o "ajuste" no dólar e a desvalorização das commodities são consequência do fim de políticas anticíclicas nos Estados Unidos e na China.
Na manhã desta segunda-feira, a moeda norte-americana recuava ante a divisa brasileira, após fechar na máxima em quase doze anos na sessão anterior, subindo mais de 2,5% em meio a incertezas sobre o futuro do programa de swaps cambiais (venda de dólares no mercado futuro).
A fim de estimular a retomada de investimentos, o ministro disse que as concessões serão retomadas, mas podem ter novas bases.
"Vamos retomar as concessões, talvez em bases diferentes, para permitir maior participação do capital privado."
Ele também voltou a falar em mudanças nos tributos federais PIS e Cofins em formulação no Ministério da Fazenda, explicando que o objetivo é a simplificação do tributo.
(Por Renan Fagalde)
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