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Consórcio de Neeleman quer injetar até 800 mi de euros na TAP e expansão no Brasil

Miguel A. Lopes/Efe
Imagem: Miguel A. Lopes/Efe

24/06/2015 14h06

(Reuters) - O consórcio Atlantic Gateway vai investir até 800 milhões de euros na TAP-Portugal e expandir as rotas para os Estados Unidos e Brasil, com o objetivo de que a endividada companhia aérea comece a dar lucros já em 2016.

A Gateway, dos empresários David Neeleman e Humberto Pedrosa, venceu a disputa de privatização de 61% da TAP, que teve um prejuízo de 46 milhões de euros em 2014, face ao lucro de 34 milhões de euros em 2013.

"Este ano vai ser difícil ter lucro, sabemos isso devido à crise no Brasil e tudo isso. Mas, no ano que vem, quando implementarmos nossas mudanças, pretendemos ter lucro, e voltar a ter (no futuro)", disse David Neeleman, em coletiva de imprensa, após assinar o contrato de privatização com o governo português.

"Antes do ano passado, tivemos algum lucro e, (...) com as mudanças que vamos fazer de eficiência, haverá uma contribuição maior para obter lucro para o ano que vem", explicou.

Neeleman, que ajudou a lançar três companhias aéreas desde 1985, Morris Air, jetBlue e Azul, disse que o investimento na TAP será superior a 600 milhões de euros e poderá chegar aos 800 milhões.

A Gateway vai investir 345 milhões de euros em capital permanente da TAP, dos quais 270 milhões serão injetados quando a empresa tiver as autorizações regulatórias definitivas e o restante ao longo de 2016.

Até o final de 2016, vai investir 150 milhões de euros em compromissos financeiros de pagamentos antes da entrega de novos aviões, mais cerca de 100 milhões de euros até meados de 2017.

"No total, o pacote de investimento é de 600 milhões de euros, mas pode ir aos 800 milhões de euros", afirmou o presidente-executivo da Azul e novo dono da TAP.

O Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), parceiro de Neeleman na Azul, vai ser uma das fontes de financiamento do consórcio, disse, ressalvando que o banco "é somente fonte de financiamento, (o BNDES) não é acionista".

O consórcio vai adicionar 53 aeronaves à frota da TAP: 14 Airbus A330 e 39 Airbus A321.

"O plano (de negócios para a TAP) vai ser mais sobre crescimento da receita do que corte de custos", disse, acrescentando que não entraria neste jogo se não achasse que a TAP pode "gerar bastante caixa nos próximos anos" para enfrentar a dívida.

A TAP tem uma dívida superior a 1 bilhão de euros e capitais próprios negativos superiores a 500 milhões de euros.

"A dívida é grande. Fui falar com todos os bancos pessoalmente. Quando estamos colocando 600 milhões de euros, vai ser muito mais fácil para nós ter lucro com esse dinheiro, para pagar a dívida: todos concordaram", afirmou Neeleman.

O consórcio está pagando de imediato 10 milhões de euros ao governo português, que tem ainda a opção de vender 34% da empresa nos próximos dois anos, com um investimento máximo de 140 milhões de euros. Este valor depende da performance operacional da TAP e de esta vir a ser listada em bolsa.

"Quanto à oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), há coisas fora do nosso controle, nos mercados e outras coisas. Não se pode fixar um tempo daqui a três, quatro ou cinco anos. Temos bastante caixa sem isso", disse Neeleman.

Voar mais

A Gateway quer apostar forte nos mercados dos Estados Unidos e Brasil e abrir 10 novos destinos em cada um dos locais.

Atualmente, nos EUA, a TAP opera diretamente voos para Newark, em Nova York, e para Miami, enquanto, no Brasil, voa para pouco mais de 10 destinos.

"Vamos nos interessar por todas as cidades com mais de 1 milhão de pessoas e acesso (a partir do hub de Lisboa)", disse Neeleman.

Nos Estados Unidos, o consórcio indicou que vai adicionar destinos como Boston, Washington e Chicago. No Brasil, quer expandir e "aumentar para frequências diárias" vários voos.

No maduro mercado europeu, a visão do consórcio é racionalizar, aumentar as frequências e se fortalecer nos principais mercados.

(Por Daniel Alvarenga)