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Lula diz que governo precisa anunciar medidas para justificar saída de Levy

Lisandra Paraguassu

20/01/2016 11h56Atualizada em 20/01/2016 17h22

(Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (20), em conversa com blogueiros, que o governo terá de anunciar mudanças "até para justificar a saída de Joaquim Levy" do Ministério da Fazenda, o que deverá ser feito em breve.

Lula também disse que a tentativa de ganhar simpatia do mercado não deu resultado e o governo "perdeu seu exército".

"Em algum momento se acreditou que fazendo um discurso para o mercado ia melhorar, [mas] não conseguimos ganhar uma pessoa do mercado", afirmou o ex-presidente.

"Nem o Levy, que era representante do mercado no Ministério da Fazenda, ganhou. E perdemos a nossa gente. A Dilma tem um desafio agora. Em algum momento nesse mês vão ter de anunciar alguma coisa, até para explicar por que o Levy saiu, o que vai mudar."

O ex-presidente defendeu, ainda, uma "forte política de financiamento" e disse que se o governo não investir não terá como convencer os empresários a fazê-lo.

"A Dilma tem de ter como obsessão a retomada do crescimento, o controle da inflação e a geração de emprego. É preciso ter clareza que não se convence empresários se o governo não está pondo dinheiro, porque empresários não vão pôr se o governo não o fizer. O governo tem de tomar iniciativa. É preciso uma forte política de financiamento", disse.

Lula ainda defendeu que o governo faça mudanças tributárias e também a reforma da Previdência, desde que seja conversada com empresários e trabalhadores. O governo pretende apresentar ainda este ano proposta de mudanças nas duas áreas.

Lula afirmou, mais uma vez, que o governo vendeu, durante a campanha eleitoral, uma visão que não consegue entregar.

"Acho que houve um equívoco político, já reconhecido, do fato de a gente ganhar com um discurso e não poder cumpri-lo. A Dilma dizia que não ia mexer em direito de trabalhador nem que a vaca tossisse e que o ajuste era coisa de tucano, e não dela. E depois foi obrigada a fazer", disse.