IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Indicação de Parente para Petrobras anima mercado, mas sindicatos reagem

O ex-ministro Pedro Parente foi indicado para assumir a presidência da Petrobras - Alan Marques/Folhapress
O ex-ministro Pedro Parente foi indicado para assumir a presidência da Petrobras Imagem: Alan Marques/Folhapress

20/05/2016 13h55

RIO DE JANEIRO, 20 Mai (Reuters) - A indicação de Pedro Parente para a presidência da Petrobras foi bem recebida pelo mercado financeiro e representantes da indústria, mas deve encontrar forte oposição de sindicalistas, que discordam ideologicamente do governo interino e do direcionamento que tem sido dado à estatal.

Parente teve seu nome anunciado pelo governo, acionista controlador da Petrobras, na noite de quinta-feira (19), quando prometeu em uma entrevista coletiva em Brasília que terá uma gestão "estritamente profissional", sem indicações políticas.

"Pedro Parente representa um salto de qualidade na gestão da Petrobras", disse à agência de notícias Reuters Roberto Castello Branco, conselheiro da Petrobras em 2015 (durante a gestão do atual presidente, Aldemir Bendine) e ex-diretor-financeiro da Vale.

Castello Branco, atualmente diretor-institucional da FGV (Fundação Getulio Vargas), destacou ainda que Parente é uma "pessoa séria" e experiente no governo.

A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e o IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo), que representa as petroleiras no país, enviaram notas à imprensa comemorando a escolha do executivo feita pelo presidente interino Michel Temer.

O analista da corretora Brasil Plural Caio Carvalhal destacou que Parente é visto como "market friendly" ("amigável ao mercado", em tradução livre) e com experiência em empresas que enfrentam reestruturação.

Além disso, é conhecido por sua experiência em empresas de capital aberto e no governo.

Formado em engenharia, Parente, 63, foi ministro do Planejamento e da Casa Civil no governo do ex-presidente de Fernando Henrique Cardoso. Ele também presidiu a unidade brasileira da multinacional Bunge e atualmente é presidente do Conselho de Administração da BM&FBovespa.

Segundo o Carvalhal, as expectativas se voltam agora para as sinalizações do futuro presidente, como para a política de preços de combustíveis, desinvestimentos e aumento de capital.

A permanência do diretor-financeiro, Ivan Monteiro, também seria positiva, na avaliação de Carvalhal, já que ele está "profundamente envolvido nos processos de desinvestimento e redução de custos", ambos muito importantes para a empresa.

O nome de Parente será levado para a avaliação do Conselho da Petrobras na próxima segunda-feira (23), quando ele poderá se tornar também um membro do colegiado. 

Sindicatos protestam

Entretanto, não são todos que estão comemorando o nome de Parente. Os sindicatos de funcionários reagiram fortemente e estudam manifestações na próxima segunda-feira.

"Acho lastimável a indicação de Pedro Parente, não poderia ter uma pessoa pior", afirmou à Reuters José Maria Rangel, ex-conselheiro da Petrobras, representante dos funcionários e coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros).

A FUP é historicamente ligada ao PT (Partido dos Trabalhadores), da presidente afastada Dilma Rousseff, embora recentemente a federação tenha se tornado uma grande crítica de medidas tomadas pela presidente, como o bilionário plano de desinvestimentos da petroleira colocado em curso em 2015.

No ano passado, a FUP liderou a maior greve dos trabalhadores dos últimos 20 anos, contra a venda de ativos da estatal.

"É inadmissível termos no comando da empresa um ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso que chancelou processos de privatização e tem em seu currículo acusações de irregularidades e improbidade na administração pública", disse a FUP em nota.

Petrobras vai começar plano de incentivo às demissões voluntárias

bandrio