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Câmara aprova retirada de limite para participação estrangeira em aéreas

Gary Hershorn/Reuters
Imagem: Gary Hershorn/Reuters

21/06/2016 15h30

BRASÍLIA, 21 Jun (Reuters) - A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (21) a retirada do limite para participação estrangeira em companhias aéreas brasileiras, numa vitória do governo do presidente interino Michel Temer após embates entre base e oposição na sessão.

O aval para a proposta, que ainda precisa passar pelo Senado para depois seguir à sanção presidencial, impulsionou as ações da Gol, que chegaram a subir mais de 7%, mas às 15:06 exibiam alta de 2,24%. A ação da Smiles, controlada da Gol, avançava 3,16% no mesmo horário.

Inicialmente, o texto enviado ao Congresso pela presidente afastada Dilma Rousseff previa elevar a possibilidade de participação estrangeira dos atuais 20% para 49%¸ parcela que poderia aumentar, desde que houvesse uma reciprocidade de regras no país interessado na participação.

Mas emenda aprovada nesta terça pelo plenário, com o apoio do governo, abriu a possibilidade de participação de 100% ao capital estrangeiro.

Foi retirada da proposta original trecho que tratava da tarifa adicional do passageiro que fizer conexão, após acordo entre os parlamentares. A saída desse item do texto foi criticada pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

A associação argumentou que a tarifa já é cobrada de todos os passageiros desde 2012 e disse que o mecanismo permitiria que apenas os passageiros que efetivamente fazem a conexão fossem tarifados.

“A tarifa foi criada em 2012 pela Dilma de uma maneira incorreta, pois hoje está diluída no preço da passagem em vez de só quem usa pagar. Na nossa opinião, cometeram um equívoco e era a chance de corrigir uma distorção”, disse o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

Os deputados ainda analisam emendas à medida provisória que, quando tiver a votação concluída na Câmara, ainda terá de ser analisada pelo Senado.

Troca de farpas 

Depois de os partidos terem orientado o voto e de o presidente em exercício da Casa, deputado Giacobo (PR-PR), ter chamado a votação, o PT pediu que houvesse verificação de quórum, abrindo a necessidade da contagem nominal dos presentes.

Após troca de farpas entre os parlamentares, com muitos deputados da base governista acusando o PT de descumprimento de acordo, o quórum foi então garantido, sendo a emenda aprovada por um placar de 199 votos a favor, 71 contra e uma abstenção.

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) chamou a queda do teto às estrangeiras de "enorme equívoco", pontuando que pode ameaçar empregos no país.

"Esse acordo da LAN com a TAM, a chamada Latam, terminou permitindo que uma rota, por exemplo, São Paulo-Milão, fosse retirada da operação da TAM e passasse para a LAN chilena. Só essa mudança retirou 300 empregos de brasileiros do setor aéreo nacional", exemplificou o deputado ao citar o maior grupo de aviação da América Latina, formada pela união entre a brasileira TAM e a chilena LAN.

Ele defendeu que o limite de 49% já possuía "muita ponderação" no sentido de abrir espaço para injeção de recursos nas empresas, tendo sido adotado, por exemplo, pela União Europeia.

Parlamentares alinhados ao governo, por outro lado, saudaram a ampliação do limite como medida que aumentará a atratividade dos ativos brasileiros.

"Aumentar esse limite de capital é permitir que você tenha mais investimento, tenha passagens com custo mais barato, você tenha nova tecnologia, tecnologia de ponta, novas aeronaves, com mais segurança", disse o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE).

Ele reconheceu que se o país não estivesse mergulhado na crise "talvez não tivesse necessidade disso", mas destacou que o governo saiu vitorioso e mostrou união da base.

(Reportagem de Marcela Ayres e Maria Carolina Marcello; Reportagem adicional de Priscila Jordão, em São Paulo; Edição de Eduardo Simões)

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