Governo fixa meta de inflação para 2018 em 4,5%, com limite entre 3% e 6%
BRASÍLIA, 30 Jun (Reuters) - O CMN (Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central) fixou a meta de inflação de 2018 em 4,5% pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
A meta tem tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (entre 3% e 6%), mesmo objetivo a ser perseguido em 2017, divulgou o Ministério da Fazenda nesta quinta-feira (30).
O centro da meta de inflação segue no patamar de 4,5% desde 2005, quando a banda era de 2,5 pontos percentuais. A margem de 2 pontos passou a valer em 2006, mas no ano passado o CMN estabeleceu para 2017 uma banda mais estreita, de 1,5 ponto.
"Membros do Conselho avaliaram a conjuntura doméstica e externa e há de fato muita incerteza no ambiente econômico atualmente. Chegaram à conclusão de que era oportuno manter a meta em 4,5%, com 1,5 ponto de tolerância", afirmou o secretário de Política Econômica da Fazenda, Carlos Hamilton.
Em coletiva de imprensa, ele acrescentou que, diante do cenário, os membros avaliariam que "seria oportuno focar em convergir a inflação para a meta".
Decisão unânime
Segundo Hamilton, a decisão foi unânime e não houve debate sobre a fixação de uma meta menor de inflação para 2018.
No entanto, uma importante fonte da equipe econômica disse à agência de notícias Reuters que a alternativa chegou a ser discutida, mas prevaleceu a leitura de que a economia segue fraca e que, diante disso, seria melhor dar foco à entrega de resultados.
O cenário no país ainda é de inflação muito elevada, o que acaba tirando espaço para o governo reduzir suas metas à frente para não exigir juros altos por mais tempo e afetar a economia em recessão.
Economistas aprovam
Na avaliação do economista-chefe da Haitong Securities do Brasil, Jankiel Santos, a investida do CMN foi a decisão mais acertada, considerando o não cumprimento da meta de inflação em anos passados e a complexidade do panorama atual, com indefinições fiscais e incertezas no cenário externo.
"Você tem ainda o benefício de poder no meio de 2017 retificar a meta para 2018", afirmou. "Acho estratégia mais adequada do que sinalizar meta de 4 por cento para 2018 e chegar no ano que vem e ter que mudar."
A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, também avaliou que a decisão tomada "era a única possível", já que hoje o controle da inflação não depende apenas do BC, mas de medidas efetivas para o reequilíbrio das contas públicas.
"Quando tivermos inflação na meta, expectativas realmente ancoradas, mostrando que não existe um sacrifício em reduzir a meta, aí poderemos mudar", afirmou.
Projeções avançaram
Nesta semana, o BC elevou sua projeção de inflação para este ano, mas seu presidente, Ilan Goldfajn, afirmou que a levará para o centro da meta em 2017 e que, neste cenário, era preciso reduzir juros de "forma responsável". A Selic está em 14,25% ao ano, uma das maiores do mundo, desde julho passado.
Pesquisa Focus mais recente do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas, mostra que a projeção é de que a inflação feche este ano a 7,29% --estourando a meta oficial-- e 5,5%o no próximo ano.
(Por Marcela Ayres, com reportagem de Patrícia Duarte; Edição de Flavia Bohone)
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