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Renova diz que parou obra de usinas eólicas por falta de caixa; avalia cancelar projetos

23/03/2017 17h09

SÃO PAULO (Reuters) - A Renova Energia, braço de geração limpa da mineira Cemig, precisou paralisar as obras de um complexo de usinas eólicas no final do ano passado devido à falta de recursos, admitiu nesta quinta-feira o diretor de Relações com Investidores da companhia, durante teleconferência com acionistas.

O parque Alto Sertão III-Fase A terminou 2016 com as obras 87 por cento concluídas, mesmo percentual de avanço registrado até o fim de setembro. Ao longo do ano, a Renova acumulou 392 milhões de reais em investimentos, a maior parte para a construção dessas usinas na Bahia, que quando concluídas somarão 411 megawatts em capacidade.

"O motivo de a gente não conseguir avançar com a obra foi restrição de liquidez, mesmo... a gente não conseguiu dispor dos recursos necessários para continuar a obra", disse o diretor de RI, Paulo Ferreira, após pergunta de um analista.

A Renova possui atualmente 683 megawatts em usinas em operação, com ambiciosos planos de alcançar quase 2 gigawatts em 2020. Mas o fracasso de uma parceria com a norte-americana SunEdison no final de 2015 deixou a companhia sem fôlego financeiro para tocar os empreendimentos.

A Renova esperava vender mais de 13 bilhões de reais em ativos à SunEdison até 2020, além de ter a empresa dos EUA como sócia, mas uma crise financeira levou a elétrica norte-americana à recuperação judicial e cancelou o acordo.

Desde então, a Renova tem buscado se reestruturar, com cortes de posições de trabalho e cancelamento de projetos.

A Renova teve prejuízo líquido de 424,6 milhões de reais no quarto trimestre. Em 2016, a perda somou 1,1 bilhão de reais.

Em meio às dificuldades, a companhia negocia a venda do complexo eólico Alto Sertão II à unidade da norte-americana AES no Brasil por 650 milhões de reais.

DESCONTRATAÇÃO EM ESTUDO

Agora, a empresa ainda avalia se participará de um leilão em estudo no governo, que ofereceria a investidores a possibilidade de desistir de projetos de energia que enfrentam problemas em troca de um alívio nas multas por descumprimento de contrato.

O certame de descontratação ainda não tem data para acontecer.

"A gente sempre analisa essas possibilidades... não tem ainda uma decisão formal da companhia, mas a gente está analisando", disse Ferreira.

(Por Luciano Costa)