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Operação Bullish não é impedimento para IPO de operações internacionais da JBS, diz presidente

16/05/2017 11h57

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A JBS não vê impedimentos para seguir com a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos da subsidiária JBS Foods International, apesar de decisão judicial na semana passada determinar que os controladores da companhia não podem realizar qualquer mudança estrutural e societária na empresa.

"No nosso entendimento, (a decisão) não cria problema para seguir adiante", afirmou o presidente da JBS, Wesley Batista, durante teleconferência com analistas sobre o resultado da companhia no primeiro trimestre.

De acordo com Batista, a interpretação da área jurídica da JBS é que a decisão judicial que autorizou a operação Bullish na semana passada mira uma reestruturação de forma substancial, que poderia alterar a estrutura da empresa e composição do controle acionário, mas não a listagem de subsidiária, aquisições ou desinvestimentos. "A interpretação é de não muda nossa rotina", disse Batista.

A operação Bullish, deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira passada, investiga suspeita de fraudes e irregularidades na liberação de apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à JBS no valor de 8 bilhões de reais.

Batista durante a teleconferência com analistas acrescentou que ainda vê o segundo semestre como uma janela para a realização do IPO, mas ressaltou que o negócio ocorrerá quando a avaliação da subsidiária pelos investidores não for afetada por assuntos como as operações da Polícia Federal.

CARNE FRACA

Além da operação Bullish, a empresa também foi atingida pela operação Carne Fraca, em março, que afetou o resultado dos primeiros três meses da unidade de negócios JBS Mercosul e deve ainda se refletir no desempenho do segundo trimestre.

Na Carne Fraca, as investigações miravam suspeitas de pagamento de propina a fiscais sanitários, resultando em embargos à carne brasileira por vários países e redução no ritmo de produção de frigoríficos do país, JBS entre eles.

De acordo com Batista, a Carne Fraca teve um impacto relevante não apenas do ponto de vista de volumes processados, mas também de custos (custo maior de abate, comunicação e publicidade) e preços, o que afetou a margem do primeiro trimestre. A margem Ebitda da JBS Mercosul caiu para 1 por cento no primeiro trimestre, ante 10,9 por cento um ano antes, ainda afetada por variação cambial.

"Nós ainda temos impacto (da Carne Fraca) em abril que vai ser similar ao impacto que teve no primeiro trimestre", disse o executivo, acrescentando que isso deve afetar os números do segundo trimestre. Ele vê a unidade de bovinos no Brasil voltando a operar com margens mais normalizadas no segundo semestre, considerando um dígito médio um "cenário realista".

Em relação à Seara, que também pesou no resultado do primeiro trimestre, a JBS aguarda uma recuperação gradual para a unidade, conforme os preços de grãos ficam em patamares "mais normalizados". "Os animais processados agora ainda carregam o custo de grão muito maior do que o que está sendo comprado neste momento", disse Batista.

O executivo comentou que sobre as operações internacionais, a JBS segue bastante confiante de continuar apresentando números robustos nos próximos trimestres.

O desempenho nas unidades de negócios das operações internacionais da empresa ajudou a JBS a ter lucro líquido consolidado de 486 milhões de reais, após prejuízo de 2,64 bilhões um ano antes, apesar da queda da receita no período e leve alta no endividamento medido pela relação dívida líquida versus Ebitda, que ficou em 4,2 vezes.

Batista ainda afirmou que a JBS está confiante na sua capacidade de geração de caixa nos próximos trimestres e focada na redução da sua alavancagem, para trazer o nível de endividamento abaixo do patamar atual.

Às 11:38, as ações da JBS caíam 6 por cento, a 10,12 reais, na ponta negativa do Ibovespa, depois que o resultado do primeiro trimestre veio abaixo do esperado por analistas.