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Produção de aço dispara em abril no Brasil, mas vendas internas recuam 13%

17/05/2017 18h13

SÃO PAULO (Reuters) - As siderúrgicas brasileiras tiveram forte aumento na produção em abril, mas a venda no mercado interno foi na contramão e recuou quase 13 por cento, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela associação que representa o setor, o IABr, que indicam ainda uma tendência de forte crescimento nos estoques no país.

As usinas produziram 26 por cento mais aço bruto em abril do que um ano antes, a 2,895 milhões de toneladas, mas o volume vendido no mercado interno somou 1,205 milhão de toneladas, reforçando mais uma vez a fraqueza do mercado interno.

"É negativo para o setor, uma vez que o consumo aparente tanto de aço plano quanto de aço longo caiu no mês passado na comparação anual e também na mensal", disseram analistas do Credit Suisse em relatório a clientes.

Além disso, os analistas citaram que a participação das importações quase dobrou no período, passando de 7 por cento do consumo aparente em abril do ano passado para 12 por cento no mês passado.

Segundo o IABr, grande parte do crescimento da produção em abril ocorreu apoiado em efeito estatístico da entrada em operação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), em junho do ano passado. A usina é focada em exportações de placas.

Com isso, os números apontam para um avanço nos estoques de aço, dado que no acumulado de janeiro a abril a produção de aço bruto do Brasil teve alta de 14,5 por cento, a 11,1 milhões de toneladas, enquanto as vendas no mercado interno tiveram retração de 3,6 por cento, a 5,17 milhões de toneladas.

Como as exportações subiram 9 por cento de janeiro a abril, a 4,65 milhões de toneladas, o saldo de aço sem destinação aparente atingiu 1,3 milhão de toneladas em abril, ante 106 mil toneladas no mesmo período de 2016, segundo cálculos da Reuters.

"Os dados de demanda por aço no Brasil apontam para um quadro preocupante para os resultados das empresas no segundo trimestre", escreveram analistas do BTG Pactual em relatório.

"Apesar dos dados poderem ter sido manchados por alguns feriados, consideramos os números de demanda como muito fracos", disseram os analistas, acrescentando que abril foi um dos piores meses para a demanda por aços longos no Brasil em muitos anos, enquanto em planos os resultados positivos acumulados até então foram praticamente eliminados.

A situação pode agravar a sustentabilidade de sucessivos aumentos de preços promovidos pelas siderúrgicas nacionais entre o fim de 2016 e o início deste ano e que vinham ajudando a recompor as margens de lucro das companhias.

No fim de abril, Sergio Leite, presidente-executivo da Usiminas, maior produtora de aços planos do Brasil em capacidade instalada, afirmou que a diferença de preços entre o aço produzido no Brasil e o importado, o chamado "prêmio", atingiu um nível insustentável de 20 a 30 por cento.

(Por Alberto Alerigi Jr.)