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Ibovespa desaba com temor político e tem 1º circuit breaker em quase nove anos

18/05/2017 13h04

Por Flavia Bohone

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa desabava nesta quinta-feira e devolvia quase todo o ganho acumulado do ano, com os negócios chegando a ser interrompidos mais cedo, o que não acontecia há quase nove anos, após as notícias de gravação com o presidente Michel Temer dando aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.

Às 12:50, o Ibovespa caía 9,34 por cento, a 61.230,62 pontos. O giro financeiro era de 8,94 bilhões de reais. No ano até a véspera, o Ibovespa acumulava alta de 12,14 por cento, após subir 38,9 por cento em 2016.

O mecanismo de circuit breaker, que não era usado desde 22 de outubro de 2008, foi acionado às 10:21 desta quinta-feira, quando Ibovespa caía 10,47 por cento, a 60.470 pontos, quando os negócios foram interrompidos por 30 minutos. Segundo as regras da B3, a interrupção pode voltar a acontecer por uma hora caso a queda chegue a 15 por cento em relação ao fechamento da véspera.

"Agora a gente volta para o cenário desagradável de fechar as planilhas de valuation e todas as precificações de ativos se voltam para o noticiário político", disse o gestor de renda variável da Fator Administração de Recursos, Daniel Utsch.

As denúncias envolvendo Temer vieram à tona na noite passada, quando o jornal O Globo publicou que Joesley Batista, um dos controladores do frigorífico JBS, gravou Temer concordando com pagamentos para manter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. As ações da JBS caíam 14,7 por cento.

Até por volta do meio dia, a JBS já havia perdido cerca de 4,5 bilhões de reais em valor de mercado ante a véspera, mantendo o movimento visto nos últimos pregões, uma vez que os papéis da empresa vinham sofrendo com ações da Polícia Federal e após a divulgação do balanço do primeiro trimestre. Apenas em dois dias, até a véspera, a JBS perdeu cerca de 3,5 bilhões de reais em valor de mercado.

As outras ações que mostravam as maiores quedas do pregão eram Rumo ON, Eletrobras ON e Banco do Brasil ON, com baixas de 19,17, 18,14 e 17,1 por cento, respectivamente.

Itaú Unibanco PN e Bradesco PN, ações de grande peso no índice, perdiam 11,8 por cento e 14,5 por cento, respectivamente.

Os únicos papéis que subiam neste pregão eram os de empresas que se beneficiam com a alta do dólar. Fibria ON tinha alta de 7,5 por cento, enquanto Suzano Papel e Celulose PNA ganhava 3,6 por cento e Embraer ON avançava 0,4 por cento.