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Produção industrial do Brasil sobe 0,8% e tem melhor maio em 6 anos

Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

04/07/2017 09h55

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A indústria brasileira mostrou expansão de forma generalizada e cresceu mais do que o esperado em maio, no melhor resultado para o mês em seis anos mas que pode não prosseguir por causa da forte turbulência política que atingiu o governo do presidente Michel Temer.

Em maio, a produção industrial subiu 0,8% sobre abril, melhor desempenho para o mês desde a alta de 2,7% em 2011, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (4). Na comparação anual, o avanço foi de 4%, mais forte desde fevereiro de 2014 (4,8%).

Ambos os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da agência de notícias Reuters com economistas, de alta de 0,6% na variação mensal e de 3,05% na base anual.

"Há nitidamente uma melhora de ritmo da indústria com duas altas seguidas que repõem a perda de março (de 1,6%). Houve um perfil disseminado de aumento da produção, mas ainda estamos longe de recuperar o que se perdeu", avaliou o economista do IBGE André Macedo. No acumulado em 12 meses até maio, a produção tem queda de 2,4%.

Alta em 17 de 24 ramos

Em maio, todas as categorias apresentaram ganhos, com destaque bens de consumo duráveis (6,7%) e bens de capital, um indicador de investimento, com avanço de 3,5% na comparação com abril.

Entre os 24 ramos pesquisados pelo IBGE, 17 deles tiveram aumento de produção, sendo a maior influência positiva a alta de 9% registrada por veículos automotores, reboques e carrocerias, devido em grande parte à maior fabricação de automóveis e caminhões. Esse resultado foi o mais forte para esse segmento desde dezembro de 2016 (10,4%), segundo o IBGE.

Apesar da melhora em abril e maio, a produção industrial pode ainda sofrer revés diante as incertezas políticas que assolam o Brasil, após delações de executivos do grupo J&F que atingiram Temer em meados de maio, e elevaram os temores de que a reforma da Previdência possa não ser aprovada no Congresso Nacional.

"É importante lembrar que até maio as coisas iam bem para a indústria, mas a pesquisa não captou ainda esse momento conturbado do país que se agravou em junho", completou Macedo.

Indício disso veio do índice de confiança da indústria medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que em junho interrompeu série de três altas e caiu para o menor nível em quatro meses.