IPCA acelera mais que o esperado em julho, mas em 12 meses é o menor desde 1999
Por Rodrigo Viga Gaier e Luiz Guilherme Gerbelli
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A inflação voltou a ganhar impulso em julho, acima do esperado e puxada pelos preços maiores de energia elétrica e dos combustíveis, mas ainda dando conforto para que o Banco Central continue no seu caminho de redução dos juros básicos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,24 por cento em julho, após mostrar deflação de 0,23 por cento em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
No acumulado de 12 meses, o IPCA subiu 2,71 por cento, nível mais baixo desde fevereiro de 1999 (2,24 por cento) e permanecendo abaixo do piso da meta oficial de inflação, de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O número de julho veio acima das expectativas dos analistas consultados pela Reuters, de alta de 0,19 por cento no mês e de 2,66 por cento em 12 meses.
"O IPCA está muito ao sabor da energia e das bandeiras tarifárias nos últimos 2 meses. É preciso esperar o fim desse movimento, para cima ou para baixo, para filtrar o real patamar da inflação", disse o gerente de Índice de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves.
Segundo o IBGE, o maior impacto individual sobre o IPCA veio da energia elétrica, que subiu 6 por cento após a entrada em vigor da bandeira tarifária amarela em julho, levando o grupo Habitação a registrar alta de 1,64 por cento em julho, depois de registrar deflação de 0,77 por cento no mês anterior.
Essa pressão deve permanecer em agosto, quando valerá a bandeira vermelha. Além disso, o efeito do aumento do PIS/Cofins sobre preços de combustíveis, anunciado em meados de julho, não deve desaparecer no curto prazo.
E foi isso que afetou o grupo Transporte em julho, com alta mensal de 0,34 por cento no mês passado, depois de cair 0,2 por cento em junho. Segundo o IBGE, o litro do etanol ficou, em média, 0,73 por cento mais caro, enquanto a gasolina subiu 1,06 o cento.
Já o grupo alimentação e bebidas, que corresponde por 25 por cento do índice, apresentou deflação pelo terceiro mês e recuou 0,47 por cento.
O fato de os preços livres continuarem em queda neste mês, influenciados pela recuperação econômica mais lenta que a esperada, é um fator importante para que o BC corte a Selic, que já foi reduzida em 5 pontos percentuais desde outubro do ano passado, aos atuais 9,25 por cento.
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