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Seca e desfolha dos cafezais trazem preocupação para safra em 2018, diz Cooxupé

06/09/2017 14h56

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - Com uma colheita menor que a esperada de café praticamente concluída em 2017, produtores da principal região cafeeira do Brasil estão agora preocupados com previsões de chuvas escassas antes de um período chave para determinar o tamanho da próxima safra, disse o presidente da maior cooperativa de cafeicultores do mundo.

Chuvas em bons volumes nas próximas semanas são importantes para o despertar de uma boa florada de uma safra 2018 que começou mal, após o frio prolongado e ventos desfolharem as árvores em 2017, afirmou à Reuters Carlos Paulino da Costa, presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), que lidera mais de 13 mil cooperados no Sul de Minas, Cerrado mineiro e Vale do Rio Pardo (SP).

"A próxima safra vai depender das condições meteorológicas, e tem uma seca prenunciada até o final de outubro. Se concretizar isso, vai afetar a safra futura", declarou Costa, no final da tarde de terça-feira.

A região do Sul de Minas Gerais só vai ver alguma chuva, e ainda assim em volumes relativamente pequenos, a partir do dia 19 de setembro, de acordo com dados do terminal Eikon, da Thomson Reuters. Isso após um período de precipitações abaixo do normal.

Essa previsão climática é semelhante para as demais áreas de Minas Gerais, Estado que responde por mais da metade da produção de café do Brasil, o maior produtor e exportador global.

Uma boa safra no ano que vem seria importante para ajudar a regularizar os estoques no país, que estão historicamente baixos. A colheita de 2018 será a de alta no ciclo bianual do arábica. Mas, sem uma boa florada, o potencial de boa parte dos pés de café não seria aproveitado.

Além disso, Costa citou os efeitos de ventos frios neste ano para as árvores. Segundo ele, essa situação climática levou à queda das folhas em um nível que seria superior ao normal.

"Teve muito café que desfolhou muito, o café, para pegar a florada, precisa ter folhas", disse ele, lembrando que houve um vento muito frio que desfolhou os cafezais.

"O frio não foi muito intenso, mas foi muito longo, isso afeta também."

Dessa forma, ele descartou a possibilidade de uma safra recorde de 60 milhões de sacas para o país no próximo ano, brincando que, para isso, o Brasil teria que pegar café de vizinhos como a Colômbia.

O volume de 60 milhões de sacas foi citado recentemente pela consultoria MB Agro, num cenário de boas condições climáticas.

Costa avalia que a safra de café arábica do Brasil teria de aumentar para cerca de 48 milhões de sacas, ante 35,4 milhões neste ano, para a produção total --incluindo a de robusta-- atingir 60 milhões de sacas, um salto que seria impossível.

Para Costa, é mais factível falar em uma safra total do Brasil entre 50 milhões e 52 milhões de sacas, no próximo ano.

FLORADA PEQUENA

Segundo Costa, houve uma "florada pequena" na região de atuação da cooperativa há cerca de uma semana e há expectativa de outra florada ao final de setembro, quando normalmente ocorrem as flores "mais abundantes" que vão se transformar nos frutos a serem colhidos no ano que vem.

Mas "precisaria de chuva, o café é uma planta perene, mas precisa de chuva", afirmou o presidente da Cooxupé, lembrando que em muitas regiões que dependem de irrigação os córregos e o lençol freático estão secando.

"Não é todo mundo que está tendo água, no Cerrado tem muito café irrigado, mas tem dificuldade para irrigar", comentou.

Diante do cenário, comentou Costa, os produtores seguem segurando suas vendas. Em julho, as exportações do país foram as menores da histórica recente.

(Edição de Luciano Costa)